Nem tudo são rosas, como é costume. O post anterior
(este blogue é fofinho e mostra os posts anteriores de oferta) foi muito a
jeito de revelar que deste lado nos preocupamos com as causas nobres, repito
nobres, e as defendemos e assim angariamos outros corações, que se juntam aos nossos, basta
ver a qualidade suprema de quem aqui pára a comentar.
Mas íamos nas rosas. A meio do passeio nocturno ao lado de
minha filha caçula, podemos verificar no post anterior com a maior das
facilidades (posts anteriores? é aqui, é aqui!) que esse passeio teve lugar à
beira do rio Tejo, bem debaixo de bandos de morcegos, espero que os agrupamentos
de morcegos se chamem bandos, e agora não me vou pôr a repetir tudo outra
vez, sei que tenho o problema de escrever demais, mas mergulhemos o espírito no
lindo quadro que aqui pintámos no post anterior (que será mantido ali onde está
sem ameaças de exterminação, nada a temer, queridos leitores).
E foi a meio do percurso que se viu que as rosas não são tudo: surgiu dentro de mim a necessidade de resolver um assunto bastante meu. Havia o café,
que estava cheio, por dentro e por fora, na esplanada, onde se tocava saxofone
ao vivo, e havia o outro café, na porta ao lado, às moscas. Quer dizer, para
além de moscas tinha o dono e dois homens de boné e boca aberta a olhar para o
televisor pendurado na parede.
Pus o meu melhor sorriso, sei que estas coisas são delicadas, que nós não vamos consumir nada, cheguei perto do dono do café às moscas
e
- Dá-me licença que utilize a casa de banho?
Ele limpava um copo com um pano da loiça e respondeu-me sem olhar para mim e com
os modos no lado mau, sim.
Avanço para a porta com o "WC" estampado e vejo um papel
colado que dizia “AVARIADA”. Dou um passo atrás e
- Mas… está avariada?
- Se eu lhe disse que pode usar é porque pode usar e não
está avariada, não acha?! – os modos, que estavam maus, ficaram piores.
Esta é a parte em que as minhas metades discutem entre si.
Que fazemos? Mandamos o homem à merda com muita classe ou mostramos-lhe o que é
ter a classe que ele ainda não conheceu e de que está mesmo a precisar, caso
queira fazer negócio com mais que moscas?
Ganhou o lado A, agradeci a gentileza, avancei para a porta “AVARIADA”
e tratei do meu assunto. Quando saí
- Queremos dois gelados, se faz favor.
Ele abriu muito os olhos, ficou nitidamente envergonhado,
ensaiou um sorriso que me pareceu sair torto, largou os copos, quais são os
gelados, o resto seguiu como deve ser e eu como se ele não tivesse posto os
modos no lado mau.
E depois hei-de lá voltar. Não porque coma muitos gelados, mas por
interesse.
Interesse em saber se as moscas irão ter companhia ou se terão, também elas,
que sair.
(apesar de este ter saído um post a cair para o mau, ele vai vencer, vai ser forte e vai ficar no seu lugar ao sol neste blogue - aprendido no curso de auto-ajuda para posts que não querem ser exterminados)
(caramba, sinto-me tão culpado...)
ResponderEliminar(compreendo, não é caso para menos...'tadinhos dos posts)
EliminarÉ uma coisa que me transcende e que acontece imenso: saber porque põem o letreiro de "Avariado" quando, de facto, não está.
ResponderEliminarAcho que é uma medida preventiva, desincentivando as pessoas de usar o wc, evita-se que ele avarie... será isto?
EliminarNunca me aconteceu ter de usar um espaço com o letreiro de "Avariado", mas julgo que se acontecer pergunto logo a razão de a indicação de o mesmo não corresponder às condições.
ResponderEliminarHá coisas tão estranhas, Susana!
Há, pois há. Mais valia haver uma taxa para quem não vai consumir. A mim parece-me mais justo que o azedume.
EliminarPelo que descreve, querida Susaninha, o aviso de “AVARIADO” devia ser extensível a todo o café, dono incluído.
ResponderEliminarE por falar em moscas, será que não entrou nenhuma para dentro da boca dos dois homens de boné a olhar para o televisor? :)
Beijinho
Ah, Miss Smile, essa sua capacidade de me arrancar gargalhadas! Que pena não me ter lembrado de assistir ao evento... de certeza que ocorreu. :-)
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