a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

02/02/2016

E eu tenho um Timóteo

Andava mesmo à procura de um pretexto para falar outra vez, aliás escrever, sobre o meu telefone esperto. Entrou para a família há um mês e ao cruzar-se com os i-phones seniores que já dela faziam parte, não se acanhou nada e deixou-me imediatamente saber ao minuto que temperatura estão as pessoas a sentir em São Petersburgo se andarem na rua. Isto ainda é mais lindo porque emite um sonzinho a acompanhar a temperatura ao selecionar-se especialmente esse ecrã e, se lá cai neve nessa cidade (acontece muito), o sonzinho adapta-se ao silêncio da neve não sei como, faz terlim terlim (mas devagar). Ora eu estou a adorar, sinto-me bem tratada e até posso dizer derreada por andar informada, todos os dias desde que chego a casa, sobre quantos minutos levarei até ao trabalho, caso me apeteça ir trabalhar de repente mais um bocado a uma terça feira à noite (ou quarta). Não bastando isto, mantém-me o meu telefone ciente à hora que eu quiser de qual a intensidade de campo magnético em que me insiro e, só para lhe mencionar mais uma gracinha, o meu telefone, entusiasmado com o meu entusiasmo (par ação-reação), sugeriu-me um livro de piadas brasileiras um bocado parvinhas, de que eu não gostei (mas também não me zanguei).

É claro que lhe dei um nome. Um membro da família tem que ter nome, tal como os livros que da minha fazem parte (trazem nome de origem, ajuda muito) e os quadros que me alindam as paredes (também). Timóteo. O meu telefone esperto chama-se Timóteo e provavelmente já sabe.

Agora o gran finale, para quem ainda está aí: andou a lançar ondinhas a uma das lâmpadas do teto da sala onde trabalho (daí aquilo de insistir em quantos minutos para voltar ao trabalho). Hoje de manhã, quando acendi as luzes fluorescentes das luminárias que me alumiam os dias, vejo que uma das lâmpadas está perturbada, acendeu e pôs-se a piscar tanto que tive de a acalmar, pronto já passou. Estava eu longe de saber que havia ali obra de Timóteo. Só mais tarde, ao estabelecer contacto telefónico com um colega através do espertinho, oiço na rede (sem fios já não é linha, é rede) um crscrscrs inédito que me pareceu dengoso e que se sincronizou com a tal lâmpada perturbada fazendo ela também um novíssimo crscrcscrs (não, não estou a inventar). Um bonito serviço.

Próxima estação: primavera. (de forma que já se está mesmo a ver)

Este post foi inspirado numa gama muito composta de bloggers acarinhados e/ou bem alimentados que são corresponsáveis por este texto cem por cento natural:

Xilre, Palmier, NM, Linda Blue, Pipoco Mais Salgado, Loira, Filipa Brás

15 comentários:

  1. Gosto do teu Timóteo, Susana. Esperto nas temperaturas e por certo nas horas também.

    ( eu é mais Pintas da Silva!)

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  2. Espera, talvez fique melhor dizer, 'eu sou mais Pintas da Silva!' ;))

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    1. Acho que qualquer das formas está boa, Ava, e tem pinta, pintas, desculpa. :-)

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  3. Susana, mas o Timóteo, com tanta funcionalidade agregada, ainda não aprendeu a pensar e a emocionar-se, pois não? :)
    Brinco contigo... Acho sempre muita piada quando me dão a conhecer os milagres cada vez mais especiais das novas tecnologias.
    Beijos

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    1. Não sei, Isabel... desconfio que a esperteza dele é assunto sério,emoções talvez seja o próximo passo. É só reproduzirmos em laboratório as células que nos carregam as paixões e depois metê-las num cantinho do processador. Digo eu. :-)
      Beijos, minha cientista de coração.

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  4. Estou a gostar da série...
    Eu, tem dias. Hoje por exemplo tive um Renato, o meu cabeleireiro. Cortou, recortou, secou, enrolou, desalinhou... Tudo para me rejuvenescer o penteado. E E durante todas estas manobras, eu a ler-lhe a tatuagem que tem no braço: "Somos e seremos felizes". :)

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    1. E toda janota de penteado rejuvenescido podias fazer o post "E eu tenho um Renato", não podias? :-)

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  5. Se não te cuidas, um dia ainda ficas com a sala cheia de pequenas Timoluzinhas! Uma pouca vergonha, é o que é! :P :P

    Beijos, Susana :)

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    1. Essa é a minha esperança, evidentemente. Timoluzinhas já com sobrenome e tudo, caramba, os posts que isso não dava!
      Beijos de volta :-)

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  6. Olha, Timóteo, gosto. Sempre é mais original do que o meu, que é chico-smart.
    Belo texto :)

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    1. Olá Linda :-)
      Mas olha que o teu, pelo menos, manteve o nome de família, o que não deixa de ser...esperto. :-)
      Obrigada.

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  7. E.T.(imóteo), come home...Susana, eu acho que fugia...

    Boa sorte :)

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    1. Teresa, eu já tive de me agarrar bem quando vi tanta insistência noregresso ao trabalho, sei lá eu do que a tecnologia consegue fazer às pessoas desprevenidas...
      (será que dava para fazeres comentários que não me ponham a rir sozinha aqui na esplanada, sff, dava?!?)

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  8. Malandro, o seu Timóteo. Curiosamente, também tenho por cá dessas coisa. Com a mania que tenho de captar todas as formas que a luz transforma, especialmente as que vejo da minha janela, adquiri uma máquina fotográfica talentosa que comunica por toque com o meu telefone genial. Ora o raio da máquina revelou-se um bocado não-me-toques e por vezes vejo-me grega para os conseguir por a conversar. Vou aproveitar a sugestão da Primavera para ver se se entendem. Beijinho Susaninha.

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    1. Ainda bem que me avisa, MD, vou já comprar uma lata para pôr a minha máquina fotográfica dentro e bloquear-lhe eventuais brincadeiras sem fios com o Timóteo, que ele anda muito embeiçado pela lâmpada fluorescente (há gostos para tudo).
      :-)
      É tão bom senti-la mais presente outra vez. Um beijinho à Alice, que nos empresta a avó para estes bocadinhos e outro para si.

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