De manhã deixei a minha
filha bem em cheio na paragem do autocarro da qual saí toda depressa porque vinha lá o
pesado de passageiros amarelo e paralelipipédico com rodados, isto para não repetir
autocarro. Não faltava muito para chegar ao trabalho, mas atentei nas notícias
do trânsito. Em todo o território de Portugal, entre as doze horas e as
vinte deste dia de maio, o trânsito de mercúrio a passar em frente do sol de quem olha
daqui do planeta em que calhou nascermos todos e no qual vemos interesse em fazer guerras mas isto é um aparte que se meteu aqui não sei porquê. Recomendações
para não se olhar para o astro rei, e agora foi para não repetir sol, o mercúrio
transita de um lado ao outro do – na rádio ouvi – disco solar, um
pouco abaixo do diâmetro e é nada mais que um pontinho negro para quem
olha daqui mas não deve olhar, também não faz mal porque ninguém imagina
mercúrio lá muito grande, este nosso planeta azul onde achamos
boa ideia fazer guerras, já disse, é um bocadão maior portanto era assim, ó mercúrio,
crescesses. Cheguei ao trabalho e estacionei de marcha atrás, estaciono de
marcha atrás há tantos anos que me sinto uma perita na matéria, e foi neste
ponto que a notícia do trânsito acima referida evoluiu para as colisões do
CERN, já faltou mais para eu ficar agarrada ao rádio o dia todo, querem ver?
Aqui fica um ponto de interrogação, para dar um descansozinho tanto ao leitor
como às vírgulas, respiramos portanto em conjunto neste mesmo planeta azul em que de vez em quando nos matamos uns aos outros, ah já disse, não
vou repetir, e estamos prontos para as surpresas do mundo pequenino, aliás todo minúsculo, que apareceram lá no CERN, surpresa!, parece que o bosão de
Higgs tem um primito que ocorre ali imensas vezes, ninguém esperava aquilo, é muita atividade numa risca
qualquer que não percebi qual é. Ou seja, afinal andamos ainda mais cheios de partículas fundamentais e não sabíamos. E isto acho giro porque são mais pontos em comum entre
nós, os seres do terceiro planeta que... certo, já disse.
Antes de terminar
o post, ponho-me a tentar
imaginar o bosão de Higgs, que deita tão pouco corpinho, mas deita, que ele deixou-se apanhar. Acho
que deve ser de cor preta o bosão (mas devia era chamar-se bosinho, como é evidente), redondinho, espécie bola de bilhar esquiva. Ou seja, vamos lá ver, no fundo uma imitaçãozinha de mercúrio à escala de quem olha daqui donde estamos todos juntos e não deve
olhar. Mas quer dizer, isto sou eu, claro.
(lembrei-me agora de uma pergunta que a minha irmã que depois foi estudar economia, me fez
há décadas: mas diz-me lá uma coisa, afinal de que cor são os eletrões?)
E que lhe respondeu?
ResponderEliminarEu diria que são da cor que, aqueles que os conseguirem ver, queiram, porque o céu não é o limite.
abç amg
Sobre a cor dos eletrões? acho que lhe respondi que deviam ser azuis... E depois, quando cresci, fui pensar e cheguei à conclusão de que os eletrões são da cor do material de que fazem parte, uma espécie de camaleões, ou seja, refletem a luz daquele comprimento de onda que os nossos olhos veem da cor que veem. :-)
EliminarPortanto é isso mesmo: o céu não é o limite.
Um abraço, Carmem.
Há pouco, chamava-me ali fora a minha prima intrigada com uma nuvem avermelhada, já noite caída. Disse-lhe que ainda outro dia, ou melhor noite, tinha avistado uma semelhante. Leio aqui este post astrofísico e pergunto: será por causa do mercúrio? :)
ResponderEliminarE cá para mim os eletrões são vermelhos. :)
Isso do "chamava-me ali fora a minha prima" quase me dá inveja, quase.
EliminarOs eletrões vermelhos são muito bonitos, eu até gosto mais deles se forem de um vermelho sangue. :-)
(post astrofísico? xiii... luísa, obrigada, mas eu só venho para aqui brincar com estas coisinhas que me intrigam por demais) :-)
Cor de burro quando foge. Hás de ver se não é. Fartinha de ver burros a fugir e digo-te mesmo: é que é tal e qual!
ResponderEliminar:)
Abracinho.
Mas só se o burro não fugir muito depressa e os eletrões não caírem do burro abaixo... :-)
EliminarAbraço, querida Uva, bom fim de semana.
cor dos electrões... essa pergunta foi a vencedora da semana! :)
ResponderEliminarEspero que a resposta tenha estado à altura, Manel. :-)
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