Deita-se à beira deste rio, a que combinámos chamar Minho. Por não ser Meu, ser nosso, diz Portugal.
Deita-se Espanha que, agradecida, lisonjeada, quer conquistar Portugal.
Dizem que nas tardes quentes de verão põe o véu, veste-se de
noiva, faz-se a Caminha.
Tivesse Camões nascido galego e ter-nos-ia deixado escrito o
que querem as terras a norte da Lusitânia.
Isto assim, por exemplo:
N’ água nunca dantes navegada,
à fluvial praia nortenha,
deita-se ela muito ousada,
galega de amores, a montanha,
p’la sua lusitana vizinha,
Caminha.
Ontem eu ia a passar. E vi.
Parei o carro, corri para a margem, mal acreditei.
Lá está Espanha a deitar-se a Caminha.
Pestanejei, continuava lá, fotografei.
Que pena Camões não ver isto.
Sem comentários:
Enviar um comentário