a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

20/08/2013

Espanha


Deita-se à beira deste rio, a que combinámos chamar Minho. Por não ser Meu, ser nosso, diz Portugal.

Deita-se Espanha que, agradecida, lisonjeada, quer conquistar Portugal.

Dizem que nas tardes quentes de verão põe o véu, veste-se de noiva, faz-se a Caminha.

Tivesse Camões nascido galego e ter-nos-ia deixado escrito o que querem as terras a norte da Lusitânia.

Isto assim, por exemplo:
N’ água nunca dantes navegada,
à fluvial praia nortenha,
deita-se ela muito ousada,
galega de amores, a montanha,
p’la sua lusitana vizinha,
Caminha.

Ontem eu ia a passar. E vi.

Parei o carro, corri para a margem, mal acreditei.

Lá está Espanha a deitar-se a Caminha.

Pestanejei, continuava lá, fotografei.


Que pena Camões não ver isto.


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