a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

07/05/2016

Metamorfose

Tenho envelhecido em frente ao computador, processo apenas interrompido para verificar no espelho que é verdade isto de o tempo passar depressa. Ao menos há um pedaço de plástico por testemunha, um quer dizer, muitos, e vidro e coisinhas outras de que é feito o computador, tic tic tic, não totalmente silenciosas estas testemunhas. De resto passa nada, tirando eu continuar a não gostar lá muito de vírgulas. Mas venho cá dizer isto.

Há pessoas lindas aqui pela blogosfera. Generosas. Com bom coração. Eu avisei que ia parar com o blogue por um tempo, e parei, e é mesmo por um tempo se eu sobreviver à operação de transformação não num inseto castanho e grande, coitadinho, nunca me esqueço da cena da maçã a incrustar-se-lhe na carapaça, fez-me tanta pena essa maldade, somos tão pequeninos quando temos medo, estúpido do pai que lha atirou, e depois aquilo infetou, mas adiante, que nem toda a gente leu a metamorfose, e estas pessoas lindas vêm dizer-me, lá arranjam uma maneira e vêm dizer-me, que gostam de me ler e que me querem ler e isso, caramba, isso é um presente que levarei para dentro do futuro guardado no meu coração que fica todo contente.

E agradecer como?

22 comentários:

  1. :)

    Agradeces com um regresso. (e também não sou adepta de vírgulas)

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  2. E eu o que gosto de te ter aqui a botar umas palavras neste blogue, Gina! (aquilo das vírgulas é porque eu nem sempre sei o que fazer com elas)
    :-)

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  3. já agradeceste.

    abraço forte, borboleta :)

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    1. E agora outra vez por me vires aqui perfumar o blogue, querida flor.
      :-)

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  4. Por exemplo, assim só mesmo por um exemplo extremamente absurdo de certas coisas carecerem de agradecimento... "...isso é um presente que levarei para dentro do futuro guardado no meu coração que fica todo contente." Se eu fosse uma dessas pessoas, o que eu ficaria de contente por ter deixado outro coração em tal estado e, ainda para mais, num contentamento que vai entrar futuro adentro!

    (tu és uma das pessoas verdadeiramente lindas que por aqui anda, sem postiços de lindeza. Há coisas que se notam tão bem, mas tão bem mesmo à distância que dá para pôr as mãos no fogo sem problema. Claro que não é para agradecer, apeteceu-me dizer e pronto, está dito, faço o que me apetece, sim, com as vírgulas também e, já agora, também com o acordo ortográfico) :-)

    Um abraço apertado, Susana.

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    1. Tu és uma dessas pessoas, Cláudia. Dessas que me planta presentes no coração. Isto parece esquisito escrever-se assim num rol de comentários de um blogue, coisa que pode ser lida por quem cá entrar, mas tem de ser, nem sempre podemos filtrar tudo.
      Quanto ao segundo parágrafo do teu comentário, querida Cláudia, não serei capaz de te responder à altura, limito-me a agradecer-te a generosidade, a presença, a dádiva. Muito.
      Continuação desse abraço apertado, Claúdia.

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  5. Porque é que eu estou preocupada? A verdade é que estou, querida Susana.

    Um beijo

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    1. Querida Teresa, não estejas.

      Outro beijo e um abraço todo já-sabemos-como. :-)

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  6. Gosto de vírgulas, de aspas, travessões e demais pontuação mas gosto ainda mais de te ver por aqui com as tuas palavras.
    Beijinhos, Susana, tem um bom domingo.

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    1. E eu gosto de ti, Ava. E desse chapéu maluco que tu arranjaste também gosto. :-)
      Um bom domingo para ti também.

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  7. Eu compreendo essa necessidade de nos enfiarmos num casulo para, um dia, podermos sair de lá com asas. Às vezes temos de passar por transformações para podermos honrar aquilo que somos. Mas fazes-nos falta. Sentimos falta da tua voz que se solta através da escrita. As tuas palavras entrelaçam-se com as nossas, despertam sentimentos e afetos, criando lugares que não existiam antes, pequenos mundos que exploramos e descobrimos em conjunto. Essa é talvez uma das metamorfoses mais bonitas com que a vida nos presenteia, a amizade que nos dá asas para voarmos juntas.

    Um beijinho, querida Susana :)

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    1. Querida Miss Smile, e a falta que vocês me fazem a mim?
      Quando a lagarta se metamorfosear, levanto voo mas em vez de vir em borboleta (umas poucas horas de vida não me chegam para escrever um post), virei em pássaro, só não sei ainda qual. Um que viva muito.
      És muito querida, Miss Smile. Outro beijinho.
      :-)

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  8. Eu li a metamorfose. Claro. Leio tudo, e às vezes fico como ele, o Gregor Samsa, com as patinhas 'lamentavelmente raquíticas', e que no meu caso são os meus pensamentos, as minhas dúvidas, os meus delírios, a remexerem-se desesperadamente diante dos meus olhos. Gosto muito de virgulas, fazem-me respirar no meio da catarse, de contrário morreria aqui tic tic tic sem conseguir inspirar as coisas que leio todos os dias e depois falar sobre elas, expirando-as.
    Há muito que te leio e sei quem tu és. Há muito que nos metamorfoseamos juntas, e por mim até podes ser o bicho mais horrendo da sala, porquanto sei que lá dentro és a mais bonita pessoa de todas.
    Um abraço cheio de braços (ou patinhas) para ti querida Susana.

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    1. Essa descrição de nos metamorfosearmos juntas é muito bonita, Uva. E isto: "inspirar as coisas que leio todos os dias e depois falar sobre elas, expirando-as", isto é lindo! Que ideia brilhante, tu és uma miúda cheia de sumo (isso da Passa é só um disfarce, evidentemente).
      Quanto às vírgulas, eu acho que elas também gostam de ti, porque estão sempre bem arrumadinhas na tua casa.
      Como agora estou sozinha na sala onde me encontro, sou o bicho mais horrendo e também o mais lindo. Acertaste em cheio. :-)

      Abraço com as patinhas da frente, querida Uva.

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  9. eu venho aqui reconhecer sorrisos e tristezas e alegrias e força e descanso, ao repouso, abandono, recomeço e o direito de não usar virgulas. eu cá também não uso maiusculas e por vezes nem acentos, a não ser quando o corrector me põe e eu tenho preguiça de tirá-las, e porque a preguiça também é um direito constitucional e universal.
    aqui está vento e as árvores abanam feitas loucas. as andorinhas e as gaivotas riem-se das pessoas, e o céu está com as nuvens todas a virem de sul para norte e eu estou aqui sem saber o que te dizer.~
    fica o melhor possível e substitui o ecrã do computador.
    (se precisares de mim ou dos préstimos da dona fernanda...reajo a assobios)
    nem sei o que escrevi para cima...

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    1. E que bom é fazermos o que nos apetece nos nosso blogues, até inventar palavras, se nos apetecer. O texto fica mais limpinho sem maiúsculas, lá isso fica.
      Tu quando apareces trazes maresia contigo, ana, a frescura do mar e - isso mesmo - o grito das gaivotas. Trazes um bocadinho de poesia.
      (o que seria então se soubesses o que dizer?)
      Um abraço apertado, ana, e obrigada.

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  10. Eu posso andar arredada da escrita, mas jamais da leitura. E ler a Susaninha é um momento zen cá muito meu.
    Beijos

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    1. Essa é uma grande honra que me dá, querida M D.
      Um abraço comovido.

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  11. Agradecer escrevendo. Não é preciso nada mais, Susana.

    Um abraço.

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    1. Obrigada, caro Impontual. :-)
      Agradeço assim, pronto.

      Outro abraço.

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  12. Apetece-me ficar no casulo. Apetece-me ficar por algum tempo. Mas não posso, não é?
    Tal como tu, saio, ainda que a luz me fira os olhos.

    Um beijo muito repenicado, borboleta Susana :)

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  13. Mas por vezes é mesmo necessário ficar no casulo. :-)
    Querida Maria, um beijo desses repenicados de volta e um bom fim de semana.

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