(n. 20 de dezembro de 1629, Roterdão; m. 24 de março de 1684, Amesterdão)
Mensagem que fotografei ao lado do quadro acima, no Museu Rijks em Amesterdão, em maio de 2014. A tradução é minha e feita um bocadinho à pressa:
"Pode ser difícil ver beleza e interesse nas coisas que temos
de fazer todos os dias e nos ambientes em que vivemos. Temos de ir para os
empregos, pagar as contas, limpar as casas e mantê-las a funcionar e
ressentimo-nos profundamente do que exigem de nós. Parecem desviar-nos das nossas ambições reais, de conseguirmos uma vida melhor. Achamos que a arte e as
galerias de arte estão longe de tudo isto: são para um dia livre, para as férias.
O próprio armário da roupa de casa podia facilmente ficar ressentido. É uma materialização do que poderia, em circunstâncias
desfavoráveis, ser visto como aborrecido, banal, repetitivo – mesmo nada sexy.
Mas a imagem toca-nos porque reconhecemos a verdade da sua mensagem. Se ao
menos pudéssemos, como De Hooch, saber reconhecer o valor da rotina diária,
aliviar-nos-íamos de muitos dos nossos fardos. Ele dá voz à atitude certa: os
grandes temas da vida – a procura de prosperidade, felicidade, bons
relacionamentos – estão sempre fundados na forma como encaramos as pequenas
coisas. A estátua por cima da porta é uma pista. Ela representa dinheiro, amor,
estatuto, vigor, aventura. Cuidar da roupa de casa (e tudo o que isso
representa) não é incompatível com estas esperanças grandiosas. Pelo contrário, é
o caminho para elas. Podemos aprender a ver quão fascinantes são aqueles que cuidam
das pequenas coisas, de nós inclusivamente.
Esta é uma mensagem à qual dificilmente aderimos, porque nos ensinam constantemente outra coisa. Este quadro é pequeno num mundo grande e
barulhento – mas o facto de tantas pessoas o apreciarem traz esperança;
significa que sabemos, no fundo sabemos, que o que De Hooch estava a querer
dizer é importante.
Doença
O trabalho vulgar é de escravo.
Eu quero é aparecer na televisão."
Gostei muito deste texto, Susana. Eu, que dou uma importância de tamanhão às pequenas coisas, gostei de saber que, afinal, pode não ser tolo ou descabido, e mesmo que goste, também eu, de 'aparecer' na televisão.
ResponderEliminarBeijinhos
Por isso é que, no teu blogue, nos sentimos num lugar real, honesto, amigo. Não tem nada de tolo ou descabido, Gina. Muito pelo contrário.
EliminarO meu único problema com o teu blogue é não ter hipótese de o ler todo... :-) o que espero que me perdoes.
Se, nestes tempos estranhos, o meu trabalho ficar afetado e eu passar a ter tempo livre, então outro galo cantará, como diz o povo.
Um beijinho e um abraço apertado. :-)
Gostei muito do texto. E apropriado aos tempos que correm
ResponderEliminarFoi precisamente o que eu achei :-)
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