a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

10/08/2014

Super-Lua

Mesmo que dentro de mim seja um mar agitado, serei capaz de te pintar uma natureza que se finge de morta.

Não penses que me transformei agora numa coisa assim, não te vou encher de estrofes que não sei tricotar, apenas te posso oferecer um lenço bordado com os afazeres de que me ocupo, olha este.

Saí de casa cedo para ir comprar pão. No caminho tentei sintonizar uma estação de rádio mas elas fugiam, uma atrás da outra, jogavam às escondidas com o ruído branco que desafina sempre muito, como bem sabes. No entanto, lá apanhei uma distraída e sabes o que me saiu? o Jorge Palma, deixa-me rir, eu deixei-o rir-se, até me ri com ele, apesar de esta história ser minha, esta que te conto, estás a ouvir? De regresso a casa, parece mentira mas não é, atravessou-se uma marta no meu caminho, uma marta!, mesmo à minha frente. Juro que nunca tinha visto uma.

Bem vês, o lenço está sendo bordado, quase pronto, apanhei três seixos na praia para o enfeitar, um de cada cor, mas falta completar esta terceira coisa que te prometi, ainda estás aí?

É a Lua, mais logo, a Super-Lua. Vou subir ao monte para me aproximar mais dela, ficar a olhá-la contigo, acho que vamos gostar.

Se me lembrar, se me desocupares o pensamento por um minuto, se me largares a mão, faço uma fotografia muito grande, não sei ainda de que cor vai ser, não te prometo nenhuma, mas vai ficar linda para combinar bem contigo.

Depois posso dizer uma coisa qualquer que tu não vais ouvir, enquanto a embrulho com o lenço que bordei e os seixos a enfeitar para te oferecer.

A seguir, não te preocupes, retomaremos juntos o caminho, saberei trazer-te a casa.

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