a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

25/05/2015

Interrupção abrupta

Hoje ganhei um seguidor. Continuo a ficar contente ao ponto de sorrir e dizer para dentro olha um seguidor, quando ganho um seguidor. Tal como o primeiríssimo de todos, que se chama xilre, e que me fez dizer olha um seguidor pela primeira vez, e nessa altura como era muito maçarica em blogues ainda acrescentei mas o que é isto de xilre (mal sabia eu).

Há blogues que ganham seguidores muito depressa, outros muito devagar. O meu é dos muito devagares. Devagares é palavra que não existia ontem, mas hoje está aqui, como se pode ler perfeitamente.

Vinha há pouco no carro a cortar esta noite de maio que se estendia de Cascais a Lisboa e ouvi uma canção que me faz sempre chorar um bocado parvo, coisas.

O choro foi totalmente inadequado, visto ter-me interrompido os pensamentos que trazia a desenrolarem-se em evolução darwinesca, extraordinária, como se fossem um colar feito de clips arredondados, coloridos e dançantes. Qualquer dúvida sobre a palavra darwinesca é favor simplesmente acreditar, uma vez que se percebe - também - perfeitamente.

Era isto. Perguntava-me eu num português perfeito (mas pensado) por que razão têm os aplicativos dos blogues tanto medo de robôs. Uma pessoa pessoa, vamos imaginar eu, vai pôr um comentário aqui, por exemplo (aqui colhem-se flores tremendas) e tem de provar que sabe fazer uma pequena cópia de números todos tortos ou, em dias de mais medo por parte do aplicativo, tem de mostrar que sabe distinguir bebidas de bolos.

Aquilo começa a entusiasmar-me e dá-me vontade de resolver integrais triplos ou então declamar um verso d’ Os Lusíadas em voz alta com imenso glamour. Dessa forma faria muito boa figura e provava ser uma pessoa pessoa de alto nível, com certeza com acesso a escrever muito bons comentários. A palavra pessoa aparece repetida de propósito, é estilo.

Devido à interrupção abrupta que levei no encadeamento deste pensamento bastante promissor - a tal canção - precisava da ajuda dos meus queridos oitenta e dois seguidores: a ver se algum deles, penso que todos pessoas pessoas, já percebeu qual é o problema de lhe vir parar ao blogue um comentário proveniente de um robô. Em princípio o mundo não acaba (mesmo que não se tenha começado pela sobremesa). Pois não?


(é que eu, para ser franca, até achava engraçado isso de um robô gostar do meu blogue)

23 comentários:

  1. Querida Susana,
    Convenço-me de que o mundo não acaba e no futuro estarão pessoas. Também estou convencido de que devagar irá ao longe, se for longe o seu destino. Mas isto sou eu, que gosto tanto de viagens ao pé da porta. Mesmo daquelas em que não saio de casa.
    Um beijo,
    Outro Ente.

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    1. Querido Ente, o mundo não acaba, evidentemente. Aliás, recomeça todos os dias.
      De qualquer forma, eu adoraria ter um robô que fizesse as compras por mim enquanto eu viajava dentro de casa e vou continuar a sonhar com isso.
      De resto, também é de pessoas que gosto. Ou não me teria posto a escrever.
      Outro beijo, Outro Ente.

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  2. Adoro essa canção, sempre adorei. Por acaso não me faz chorar, sempre me tocou cá dentro, bem no fundinho, e faz-me relembrar tempos fabulosos.
    Não sou seguidora há muito tempo, mas estou a gostar deste cantinho.

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    1. Olá Filomena, bem-vinda! :-)
      Gosto de saber que a canção do simplesmente ruivo :-) lhe traz boas memórias.
      E muito obrigada pelas suas palavras.

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  3. Presente! Gosto muito do ti e do teu blog. Não quero saber do robô para nada. Dou-lhe um chaga para lá e ele lá vai à vida dele.

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    1. Uvinha, e eu de ti gosto. É sempre um prazer ter-te aqui.

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  4. Gosto de pessoas e os robots não me assustam. E começar pela sobremesa é sempre interessante... Digo eu que sou gulosa ! :))

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    1. Também eu, por acaso, Just. Em tudo: Pessoas, robots, sobremesa e ser gulosa (embora combatente). :-)

      (mas isto da sobremesa era uma piada ao nosso Pipoco Mais Salgado que tem lá isso no header dele)

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  5. Não acaba, mas como se sabe -- é o início do fim. O dia em que os robots começaram a comentar blogs de moto é o armgedon da espécie humana, como a conhecemos.

    Por isso, os senhores da Google, que não dormem em serviço, já deram mesmo indicação para que em caso desse dia chegar, pelo menos duas pessoas serem poupadas ao cataclismo. Ora confirme lá, se faz favor, digitando:

    http://www.google.com/killer-robots.txt

    Boa noite, cara Susana :)

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  6. Bem, eu nem vou perguntar como foi que o amigo Xilre (seja bem-vindo!, pensava que já não vinha aqui) descobriu semelhante coisa. Mas para ser sincera, isto já não me admira, digamos, vindo de si (verdade).
    No entanto, ocorre-me que os moços não dormem em paz, quiçá têm pesadelos e afinal, quer dizer... não passa tudo de uma virtualidade, perdão, eventualidade remota, não é? isto digo eu, claro...

    Boa noite, caro Xilre! :-)

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  7. Pois eu há dias em que me sinto um robot pois faço mecanicamente já muitas das coisas. Uma dessas coisas é consultar certos blogs diariamente, sempre na mesma ordem. É estranho. :)
    E depois há aqueles blogs que fazem uma pessoa sentir-se pessoa, como é o teu, pois aqui há humanismo e humanidade e bondade. Se tivesse que escolher um símbolo para cada um dos blogs que leio - e estou agora a pensar alto enquanto escrevo - o teu seria um arco-irís. :)

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    1. Querida Pseudo, esse foi um gigante elogio que me fizeste, muito obrigada!
      Ter leitores como tu é um grande privilégio que espero merecer. Eu gosto de pessoas em geral e são elas que me inspiram para escrever, principalmente as que deixam ver fraquezas ou emoções e são sinceras, felizmente tenho muitas destas para me inspirar. :-) Das pessoas que me lêem - comentem ou não - gosto também muito, mesmo não as conhecendo. É um fenómeno estranho, mas real. E gosto especialmente de ti por causa dessa tua forma genuína de seres.
      Fico com curiosidade sobre a tua sequência de leituras de blogues. :-)
      E para terminar esta longa resposta, agradeço-te o arco-íris e, nova coincidência, o meu primeiro grupo de dança chamava-se assim. :-) (nós e os nomes, Pseudo, nós e os nomes...)

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  8. Susana, gostei muito desta tua "Interrupção abrupta" e quando gosto muito e não me ocorre mais nada para além disso, não costumo comentar, mas agora, apeteceu-me só dizer que gostei muito deste post.
    Tenho a certeza que irias receber muito bem o robô e ficar cheia de vontade de lhe fazer perguntas sobre como era isso de ser-se robô.
    (agora vou distinguir o que o teu blog me pedir para distinguir, para que possas ler isto, porque o teu blog não concorda nada contigo no que toca a robôs aqui a meterem o nariz)
    Beijinho, Susana

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    1. Pois não, Cláudia, quando eu comprei o blogue, havia com robôs e sem robôs, e eu realmente comprei sem, porque no fundo sou uma pessoa simples e não gosto de esbanjar dinheiro p'raí à toa. :-)
      Bem, agora a sério... há blogues onde comento que têm aquilo do robô e eu divirto-me sempre. Talvez seja uma questão minha, escondida, de confirmação de identidade, sei lá. O que não sei - e ninguém me respondeu - é porque têm os blogues tanto medo de robôs a fazer comentários.
      Outro beijinho, Cláudia, e obrigada.

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    2. Talvez partam do princípio que os robôs são todos maus, como alguns anónimos :-)
      (eu também me divirto com isto, é uma espécie de jogo, lembras-te que às vezes até duplicava os comentários? agora já me controlo ;-))

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    3. Acho que acontece a todos duplicar os comentários, a mim já aconteceu também. :-)
      Alguns anónimos aproveitam os blogues para fazer a catarse de alguma coisa, penso eu. Deve ser desagradável não ter mais lado nenhum onde fazê-la. Mas os robôs?! Então não é que eles se fizeram para nos ajudar?! Enfim, coisas que me escapam. :-)

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  9. Pois eu não via nenhum problema em ter robôs no meu recanto, então se fossem bem educados, nada a obstar! Afinal, acabamos por não saber quem está por detrás de cada blogger. Quem sabe alguns não são uns robôs bem treinados? ;)

    O que importa é esta coisa de gostarmos de nos ler uns aos outros e de, até, gostarmos de quem está por detrás do "boneco"!

    Beijos, Susaninha. :)

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    1. Eu também não tenho problemas com robôs no meu blogue, aliás não tenho problemas com nada no meu blogue :-), muito pelo contrário.
      Mas é isso, Maria, o importante é lermo-nos e crescermos uns com os outros. Eu aprendo que me farto nos blogues, ou melhor, não me farto nada. :-)
      E sim, é como dizes, desenvolvem-se amizades sem rosto, estranho, mas verdade.
      Beijos, Maria querida.

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  10. Ai... então o meu blogue tem robô? Tenho que rever a configuração. A não ser que tenha sido agregado quando resolvi não aceitar comentários de anónimos... E eu até não tenho nada de especial contra anónimos. Tanto que até tinha pessoas amigas, sem perfil criado, que comentavam como anónimos. Só que a partir de certa altura comecei a receber muito spam. Recebia eu e quem subscrevia os comentários. Por isso foi mesmo necessário banir os anónimos. Vou tentar perceber se há forma de barrar anónimos sem barrar robôs... :)

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  11. Voltei... :) Para dizer que já verifiquei e não tinha, nem tenho, a opção de pedir verificação de palavras ativada, nos comentários. Por isso não percebo porque razão estará a acontecer. Enfim, o Blogger às vezes é um bocado parvo. Por exemplo, agora não me está a deixar ver o perfil dos meus seguidores. A clicar no respetivo ícone, desaparecem e não consigo aceder a eles.

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  12. Olha, e eu pensava que isso deverificar se os comentadores são robots era uma opção do dono do blogue, afinal não.
    Bem, eu não tenho nada contra, como escrevi no post, até acho divertido e por enquanto acertei as respostas todas, ufa. :-)
    Beijos, Luísa.

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  13. Por vezes também choro a ouvir determinadas músicas! Enfim...

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    1. Olá Marta, bem-vinda!
      A magia da música é talvez essa: ser capaz de ir lá dentro de nós buscar lágrimas que precisamos de chorar. :-)

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