a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

26/01/2016

Post mau, mas mau

Está uma pera rocha (com autocolante de origem) dentro da gaveta de baixo lá da minha secretária. Também está uma embalagem de chá e um pacote de bolachas, migalhas, duas chaves unidas por um porta chaves com chapinha plástica em azul, um frasco vazio (gosto muito de frascos vazios) e um postal que recebi num natal de há muito tempo, antes de deixar de receber postais de natal em postal de natal (isto percebe-se) mas de quem é o postal já não me lembro, amanhã verifico logo assim que me lembrar.

O que não se percebe é o interesse deste post. Ando às voltas.

Na segunda feira cheguei ao trabalho atrasada uns três minutos para a reunião, por causa da mania de ir ver o rio mais de perto e tentar definir-lhe a cor todos os dias. Desta vez, com aquela chuva toda, estava cinzento-apodrecido-no-verde. Quando entrei na minha sala espavorida e ouvi o zzzzzz do aquecedor que uso em vez do ar condicionado que a sala não tem (o ar condicionado nunca gosta de mim, é recíproco), senti a lâmina da culpa a ferir-me com uma ideiazinha assim: para além de chegares a estas lindas horas, ainda deixaste o aquecedor ligado todo o fim de semana, sua mula (quando eu estudava coisas difíceis para a faculdade em casa do meu pai e de repente descobria um erro, dizia isto, ah, estúpida!, ao que o meu querido pai, se me ouvia, respondia como quem fala sozinho, cá em casa não se contraria ninguém, um amor), lancei-me então ao interruptor e desliguei-o logo para poupar energia ali mesmo, depois abri o computador e fiz as coisas do costume muito depressa, corri escadas acima para a reunião e pus-me a pedir desculpa às pessoas, apertei-lhes as mãos, mas afinal tudo ainda no café, easy on, as eleições e o benfica também. Mais tarde, já de volta à minha sala, aparece a dona Rita, que é a brasileira que faz as limpezas lá do escritório e chega antes de mim. Mete a cabeça dentro da sala, um grande sorriso, está sempre bem disposta a dona Rita: intão, goztô? 'tava quentjinho dji manhã, tava? eu vim limpá e liguei o quentjinho p'ra siôra!

Continuo às voltas. Apetece-me amuar outra vez. Fazer uma birra. Quero o Xilre de volta. (eu e mais milhões, ou não?)

(e impostos para isto, ó Palmier? taxas, multas?... nada?... temos que aguentar?)

13 comentários:

  1. Tadjinha dá Ritchinha! Cê num sabi aprêciá!

    Estão a ir-se embora, todos, caramba! JM, Tristan, Miss Smile, Xilre... Juro que fico de lágrimas nos olhos por perdê-los. Ainda por cima, só os conseguimos ter aqui! Que neeeerrrrvoooooos! Não se faz! Não se faz!
    Beijos, Susaninha :)

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    1. Custa vê-los ir. Não só por mim, na perspectiva puramente egoísta (o Tristan não conheci), mas também porque me ocorre que acabar um blogue deve doer. Pelo menos penso que sim.
      Beijos, Maria.

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  2. (Já dei início ao movimento! Juntem-se a mim! :D)

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    1. Palmy, tu és magnânima! O teu movimento está sendo um sucesso! é coisa para abrir o jornal das oito!
      :-)
      (e ele volta, tem de voltar...)

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  3. a ideia da palmier é muito boa... estava mesmo a pensar assim - já que não escreves, também não lês - toma lá!... mas isto sou eu a acordar de rabo para o ar...

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    1. ana, os teus acordares são tão bons de ler... :-)

      (acho que o movimento está a resultar... :-))

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  4. Susana, visitava com muito gosto as quatro casas que a Maria referiu e que encerraram no espaço de quinze dias.
    Não os perdemos. Não os perdi e eles sabem por que digo isto.
    Aceitar bem o intervalo ou o encerramento definitivo é uma forma de os respeitarmos e honrarmos o que nos deram.
    Julgo que também gostaríamos que assim procedessem connosco, caso tomássemos essa opção.
    Beijo

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    1. Ainda que mantivesse correspondência com os bloggers que vão fechando (não é o caso porque não o faço por razões muito minhas) não ler os seus textos faz com que os perca, sim.É nos textos que se nos revelam. Foi através dos textos que conquistaram a minha admiração e afecto. Respeitar a decisão de cada um é fundamental mas que lamento profundamente, lamento.

      Beijos às duas. :)

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    2. Maria, neste contexto dizer que "não os perdemos, não os perdi" não significa que mantenha correspondência. E julgo que manter correspondência com pessoas que em simultâneo são bloggers é um universo distinto.
      Aquele não perder pretende fazer sobressair o que nos deram e que eventualmente, pelo que nos ajudaram a reflectir, não se esgota nos textos.
      Foi isto que pretendi dizer.
      Beijo

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    3. Isabel, claro que sim, é verdade o que dizes. Eles merecem o nosso respeito e tolerância à frustração de os perder.
      No entanto, não dá para deixar de protestar, não dá. Há pessoas que através dos blogues nos marcam e algumas marcam muito. Tu sabes que é assim. :-)
      Um beijo, Isabel.

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    4. Ainda por cima, levam os textos! JM e Xilre levaram-nos todos, nem dá para matar saudades...

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  5. O que é que eu perdi?! Tirando o post mau??
    Já reparei que a minha lista de notificações de blogues está a diminuir...
    Vão todos embora?
    Não me deixem sozinha....

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    1. Mafy, perdeste o susto de perdermos dois dos blogues imperdíveis. Mas eles voltaram. A blogosfera ameaçou cair, fez chantagem do pior, greves, coisas assim giras e pimba, eles voltaram. Ufa. :-)
      E tu também voltaste aqui, continuas a cá vir e isso sabe-me muito bem. A sério que sabe. :-)

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