a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

19/10/2015

Post desta vez com erros nenhuns (os posts com post no título é que são bons)

Irritam-me as bolachas oreo e os derivados das bolachas oreo, os gelados, as mousses, os cupcakes, principalmente os cupcakes. As bolachas oreo não deviam existir porque não passam de uma versão patética e embalada do maravilhoso branco e negro ou quente e frio que tão bem nos pode fazer no inverno ou no verão, o quente e frio que aquece e dá arrepio, claro que a rima foi de propósito. Quem pode comer um quente e frio não quer uma oreo à temperatura ambiente nem que seja a do seu lar, detesto aquilo. E posso gabar-me com propriedade pois nunca eu avancei a comer uma coisa derivada de bolacha oreo, muito menos se for feita na bimby, também detesto a bimby, mas toda a gente que tem bimby é feliz com ela e eu está bem ok (isto era da canção). Desconfio do interior que viu branqueamento forçado, do exterior muito mais preto que chocolate preto, voltámos à oreo, uma concentração de cento e vinte por cento de açúcar, um nojo, desculpem lá, muito menos produzir derivados daquilo e não sei quê. E os cupcakes, falta dizer isto, parecem bonecas barbie em versão bolo queque de plástico com pepitas de acrílico e enfeites de natal a fingir que escorrem mas não, estarão presos com alfinetes de ama, ganchos para o cabelo ou sei lá eu. Uma perda de tempo quase tão inútil como os museus de cera, os autocolantes na fruta ou os insuportáveis cartazes outdoor com anúncios ou, ainda pior, a implorar anúncios que ninguém nunca lê se faz favor.

Mas.

Hoje fui fazer um brunch pela primeira vez na minha muito longa vida. O brunch teve lugar num local sem nenhumas luzes brancas led do tipo centro de saúde de moscavide que nos fazem a cara verde com sombras cinzentas, não, o sítio do brunch tem candeeiros com luzes amarelas muito bonitas, lustres kitsch e vintage ou coisa assim que eu de moda e decoração percebo menos que de pintar unhas, e dos estrangeirismos gosto muito mas só quando os traduzo para português corrente, no entanto kitsch nem escrever sei quanto mais traduzir. Mas não era isto, era que nesse lugar muito acolhedor onde hoje fiz o brunch com uma amiga de longa data, uma espécie de alma gémea, a Luísa, que me desenterrou de casa e me fez ir ao local que estava pejado de cupcakes em massa esquisita, passámos sei lá quanto tempo mais de duas horas a conversar como eu adoro conversar, e o local era lindo, tinha música que se ouvia tão bem, e cadeiras de várias cores, e muitos bules de chá que me lembram a minha avó querida, mesmo giro aquilo, e também estava cheio de cupcakes, já disse, e depois no fim ela levou cupcakes para casa dela (um deles de bolacha oreo, por isso é que eu sei) e eu detesto cupcakes e pena foi ter-me esquecido de lhe perguntar em que partido ela votou, mas que bem me sinto assim neste mundo em que todos diferentes e todos iguais e as amizades quando são, são mesmo e o que não interessa, não interessa, estou aqui estou a fazer poesia. Aliás, não fossem os cupcakes da Luísa e eu estaria já a dormir em vez de me entreter como ninguém a escrever um post extremamente pertinente altamente adequado e desta vez com erros nenhuns.

8 comentários:

  1. Respostas
    1. Comer, comi meio crepe com iogurte e fruta por cima (acho que era morangos e bananas) e ainda por cima uns pedaços de coisas crocantes, talvez cruesli. Muito bom.
      Beber, bebi um sumo de laranja natural e um cappuccino enorme. Também muito bom. :-)

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  2. Querida Susana Rodrigues,
    E bolos de arroz? Com 100% de açúcar por cima...
    Está visto que se ficou pelo chá e pelas cerejas. Sem erros.
    Boa semana,
    Outro Ente.

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    1. Os bolos de arroz, que deviam ser muitos por cento de arroz e têm de facto imenso açúcar, por cima e por dentro. E uma rodela de papel colada ao fundo, que tantas vezes me forrou o estômago em tempos muito idos. Chá não bebi nenhum e cerejas acho que não as havia. Morangos e bananas, mas não estou totalmente certa, a conversa distraiu-me muito, estranho mas verdade.
      Uma boa semana, querido Outro Ente.

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  3. Querida Susaninha, é isso mesmo - gostamos dos amigos, não por gostarem disto ou daquilo, mas porque nos sentimos muito bem quando estamos com eles. Esse é o ingrediente mais natural e, também, o mais doce de qualquer brunch.

    Um beijinho, ainda com migalhas de oreo coladas nos bigodes (claro que me refiro ao Biju)

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    1. Eu acho, Miss Smile, que pode ser divertido e enriquecedor encontrar diferenças às vezes desconfortáveis (políticas, por exemplo) entre nós e os nossos amigos. Faz de todos pessoas melhores, de certeza. Apanhou o ponto do post, querida Miss Smile, na mouche.

      Parece-me boa ideia dar uma oreo a provar ao Biju (mas só uma, não se sabe ao certo de que é feito aquilo...).

      Outro beijinho, Miss Smile.

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  4. O brunch do Ritz não tem oreos. É altamente recomendável.

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    1. Xiii.... e eu ando a deixar escapar semelhante brunch? Vou experimentar.
      O "meu" também recomendo, as oreos e os cupcakes (tu gostas de muffins, Cuca, por isso talvez te agradem os cupcakes :-)) são facultativos:
      "Tease", na Praça das Flores em Lisboa.

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