a voz à solta
04/10/2024
Felicidades velhinhas, muito grandes
28/09/2024
Os pêssegos, de Raul Brandão (a quem possa interessar)
21/09/2024
O outono deve estar a chegar
18/09/2024
As rosas (toma e vai buscar)
14/09/2024
O pior bolo de chocolate do mundo*
11/09/2024
Ó rio conta lá
10/09/2024
Uma incerteza
08/09/2024
Oh!
06/09/2024
A janela fingida
28/08/2024
Jopie Huisman 5/5
Jopie Huisman 4/5
Jopie Huisman 3/5
27/08/2024
Jopie Huisman 2/5
Jopie Huisman 1/5
Jopie Huisman
26/08/2024
Férias
18/08/2024
Isto, isto
14/08/2024
Misericórdia?
10/08/2024
Os arados
07/08/2024
Galinheiro sem galo (aparentemente)
04/08/2024
Descascar horrores também podia ser (mas é descansar)
02/08/2024
Ah, Lisboa em agosto
23/07/2024
Diz-se oiçai?
16/07/2024
Muito me conta a dieta
Um dia na serra
07/07/2024
26/06/2024
Veado ou corça
23/06/2024
Chá preto
05/06/2024
A mãe (as mães)
26/05/2024
As portas
O apartamento onde, em criança, morava com os meus pais e irmãs era servido por duas portas de entrada. Uma, a principal, dava para o hall, a outra, então chamada de serviço, dava diretamente para a cozinha.
A porta de serviço era a porta onde tocavam o padeiro, o leiteiro e alguma empregada de outro andar que vinha pedir um pé de salsa ou um ovo que lhe faltasse para o pão-de-ló. Ao domingo, também aparecia o Damásio, namorado da última empregada que tivemos. Ele vinha namorar com ela à porta (a porta ficava aberta), ou então vinha buscá-la para passear no seu dia de folga. O Damásio não tinha ordem – provavelmente nem lhe passava pela cabeça pedir – para entrar e namorar com a rapariga dentro de casa. Só me lembro dele à porta. Um dia, achando-o muito alto – eu devia ter seis anos ou sete – perguntei-lhe a idade. Ele respondeu "vinte e um ano". Assim, no singular, “ano”. Lembro-me que fiquei a pensar que não me podia esquecer de dizer “ano” quando eu própria chegasse aos vinte e um. E logo a seguir duvidei se estaria bem assim, vinte e um ano, mas ele sendo tão alto devia saber com certeza e eu ainda teria muitos anos para confirmar aquela maneira esquisita de dizer a idade. A campainha da porta da cozinha tinha um trriimmm potente e irritante, ainda por cima anunciando visitantes que não me despertavam qualquer entusiasmo ou interesse. Se acontecia o tinido estridente tocar quando eu passava perto daquela porta, não escapava a dar um salto de susto.
A porta do hall era muito melhor. Por ela chegavam os avós para jantar, os convidados para a festa de anos de alguma de nós ou, melhor ainda, para a consoada. Também o toque da campainha era muito diferente. Um harmonioso e musical, suave dlim-dlão. Por vezes, o dlim-dlão prenunciava a visita dos padrinhos da minha irmã Catarina que vinham lanchar. Tratava-se de um casal muito distinto. Estavam sempre sorridentes um para o outro, o olhar azul dela pousava no rosto gordinho dele, e era com tanta ternura que o fazia. A sua voz era baixa, falava devagar. Ela conversava comigo e com as minhas irmãs de coisas de mulheres. Eu queria sempre ouvi-la e desejava ser como ela, quando fosse grande, por exemplo aos vinte e um. A distinta senhora fazia os seus próprios casacos compridos de fazenda tão macia. Reagindo ao nosso olhar de admiração, ela estendia uma pontinha do casaco para nós podermos tocar o tecido e confirmar a suavidade. Um dia, ela trouxe-me um presente que anunciou ser adequado ao meu cabelo, ao meu tipo de cabelo. Era um pente com dentes ondulados, muito afastados, que não iriam arranhar-me a cabeça, nem puxar-me os cabelos. Eu detestava pentear-me porque o processo era sempre doloroso, e ela devia saber disso. Aquele pente parecia realmente muito melhor, ao contrário dos outros pentes horríveis. A madrinha da minha irmã Catarina ensinou-me então a utilizar apropriadamente o novo utensílio. Quando terminou, explicou-me de que modo devia colocar o cabelo na almofada quando me deitasse para dormir. Era um modo especial de manter o cabelo penteado e que tinha ainda a vantagem de evitar que se partisse. E eu então, admirada, aprendi que o cabelo, não sendo de vidro nem nada, podia partir-se.
23/05/2024
Banda de borracha
22/05/2024
Só faltava começar cada frase com imagina
13/05/2024
Uma maiúscula, um número e um caracter esquisito, de resto nada que se possa associar a si, compreende? *
17/04/2024
Boa viagem, disse ela
10/04/2024
Pensei pintar de azul (mas só pensei)
26/03/2024
O fígado ainda melhor e a idade metabólica ninguém me dá
20/03/2024
O melhor são as séries da televisão
08/03/2024
Coisinha
E está calorzinho com o aquecimento ligado
18/02/2024
Então e hoje?