a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

19/11/2024

E tu, também preferes o teu próprio carro?

Diz a Muzi, minha filha mais velha, que mãe, essa tua relação romântica com os transportes públicos... e portanto, sempre que os meus horários não distam muito dos dela, dá meia volta à cidade para me ir levar ao trabalho. Mas não é tudo. No final do dia, se eu ainda estou a vegetar na paragem quando me liga ao sair da última consulta, desvia-se da sua rota para me ir apanhar, indiferente aos meus protestos. Nem de uber ela me deixa deslocar quando essa hipótese aparece no horizonte dos meus planos. 
Mas a verdade é que, se eu não andasse, nos dias em que venho à capital, sem carro próprio, não estaria agora neste pequeno e tranquilo autocarro, em modo de um para-arranca envolto no nevoeiro que se levantou do rio, a fazer uma das coisas de que mais gosto e para a qual parece nunca sobrar tempo. Escrever parvoíces. 

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