a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

15/11/2016

O pequeno almoço grande numa alegria (mas tipo)

(Se alguém me pedisse para me definir numa frase, acho que me iria sair do tipo "sou uma entidade aprendente”. Portanto mastigar palha dá-me muito sono. Tenho precisado de ler uns manuais que têm uma grande quantidade de palha e eu ainda há pouco adormeci a páginas tantas, embuchada, que foi na página oito de um manual de cinquenta e uma, imensas. Acordei e entretanto já li até à trinta, mas muitos bocejos depois solto-me para aqui neste blogue que me faz um bem que deve ser mais do que eu penso e o postezinho que ficou esboçado ontem vai sair. Isto anda cá uma produção que nem parece minha. Entretanto, para quem ainda se aguentar, abaixo, onde se lê hoje deve ler-se ontem.)

Hoje o meu carro deu-me uma alegria. Conduzi-o até à oficina para o deixar lá a lubrificar as pecinhas, trocar o óleo, limpar tubinhos, afinar conjuntos, eliminar folgas, alinhar o rumo, dar um polimentozinho nos riscos que pessoas fizeram na minha ausência e eu não sei que pessoas são essas, só sei que foi com carros brancos que fizeram, agora há muitos, parece que os carros brancos é que são giros, pelo menos lá riscos nos outros carros fazem eles, e eu ia dizendo que o meu carro me deu a tal alegria hoje. Porque ficando sem ele tomei o serviço de transporte cortês da oficina e esse deixou-me à beira do rio, todo central, a uns passos de um pequeno almoço, caramba, um pequeno almoço que foi grande (é a alegria). Ainda se sentiam no ar, juro, as vibrações do crocante disruptivo (disruptivo agora usa-se muito, é tipo os carros brancos) psicadélico e estonteante Lisbon Web Summit (‘tamos uns vaidosos!), ao qual não tive o prazer de ir for reasons, ora ali viam-se esta manhã, sentados pela fresca na espécie de deck, o meu pequeno almoço e eu. E também as pombas, uma surpresa, mas de pé. Ou com os pés pendurados se em modo de voo, aqueles dedinhos encarnados fechados em pinça (as pombas não se sentam). Era eu em potencial produção de migalhas a estar ali um alvo e foi preciso defender o meu pequeno almoço, caramba, grande, a alegria que o carro me deu, foi por isso que cá viemos ao blogue, das pombas (defender das pombas). Até tirei uma fotografia toda indignada, para fazer prova tipo onde é que já se viu isto suas malucas, e naquele nano de segundo do disparo, houve que lançar o braço num golpe de rins muito bom para segurar o alimento no prato, que uma terceira pomba me atacava tipo pelo flanco direito e o resto da matilha captei, mal, mas captei. Ó.


(como se chama então um conjunto de pombas que querem roubar o pequeno almoço a pessoas num dia sem carro?)

19 comentários:

  1. se eu fosse boa a gramática e tivesse conhecimento, tipo bué mesmo, sobre nomes coletivos, arranjava-te uma cena para dar resposta ao solicitado, mas está visto que precisava de muita lubrificação mental para estar ao nível deste registo supremo e superlativo sobre um carro, pequeno almoço e vibrações tremeluzentes deixadas por nerds lá de fora, e acho que já me perdi no raciocínio. eu avisei. boa noite Susana.
    beijinho,
    Mia

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Tu perdeste-te no raciocínio e eu encontrei aqui uma gargalhada a sair-me de repente :-)
      (que comentário tão bom)
      Beijinho de volta.

      Eliminar
  2. Respostas
    1. Ah, bolas, como é que não percebi logo que elas vinham ali dos lados do Aleph?!...

      Eliminar
  3. Atrevidas...
    Engraçadinhas...
    Chico-espertinhas...

    ResponderEliminar
  4. Filhas da puta, i say (já vi bandos atacarem mesas com refeições acabadas de servir). Não me perdoes o francês, tenta perdoá-lo a elas :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. alex, o teu francês não carece de perdão, se carecer, je serai lá. :-)
      elas estão perdoadas, está-lhe inscrito nos genes e contra isso nada.

      Eliminar
  5. Até as pombas se transformaram em aves de rapina. Está perdido este mundo, sem carros.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. umas malucas e atrevidas. nunca pensei. (mas depois percebi por que razão as poucas pessoas ali estavam dentro e não fora :-))
      o mundo está perdido, é verdade, mas de vez em quando a gente encontra-o.

      Eliminar
  6. é por isso que só me dou com pardais...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. mas ana, tu não sabes e eu vou contar-te, andavam lá uns pardalitos e a esses deixei as migalhas. um deles comeu-as que eu vi. (e agora lembro-me sempre de ti quando vejo pardais)

      Eliminar
    2. é quando me passa uma brisa morna no rosto :)

      Eliminar
  7. Chama-se "bando leiro"
    Abraço, Susana

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Minha querida mãe preocupada, o abraço tomo-lho e devolvo-o apertado de efusivo, que essa é uma belezura de ideia "bando leiro"!!! (estou pr'aqui a sorrir, a sorrir)

      (se a nossa Cuca vê é capaz de querer dar um apelido ao seu navio pirata... é é)

      Eliminar
  8. É um bando de rapinantes encartadas.

    No meu dia sem carro fiz quilómetros a pé por ter recusado a delicadeza da oficina:). Não me fez mal e até vi coisas que jamais o mesmo caminho me tinha mostrado.

    Espero bem que o resto do seu dia tenha sido óptimo porque a dado momento constatamos que tudo que queremos fazer exige carro. Estamos atados às quatro rodas. Sem apelo.

    Não sei como aguentou repartir um pequeno almoço com pombas abusivas:)). Admiro-lhe a paciência de fotografar essa malta que não me apraz nas redondezas de pequenalmoçar.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Ah, bea, é tão bom andar sem carro! E tão difícil de resistir quando se o tem ali à mão... o resto do meu dia foi muito bom, sim. esperei uns vinte minutos pelo autocarro para ir para casa, tempo que levei a ouvir as conversas dos velhotes que junto de mim esperavam. e eu destas coisas gosto muito (não estou a brincar).

      Mas eu não reparti nada com as pombas, defendi o meu pequeno almoço até ao fim! (e deixei as migalhas para um pardal, que as comeu todas) :-)

      Eliminar