a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

17/03/2021

E depois mudei para a Antena 1

Quando, no meu novo espaço de trabalho, instalei a pequena aparelhagem de rádio e leitor de CD que comprei na Internet, comecei por sintonizar a Smooth FM. Já sabia que a Antena 2, teoricamente a minha estação de rádio preferida, não me servia ali por duas razões: uma, sintoniza mal a onda e isso obriga-me ao suplício de ouvir ruído branco e, duas, começou a incluir no seu menu habitual programas de folclore. Ora folclore não obrigada. Por isso mudei-me para a Smooth FM. A Smooth FM passa sempre as mesmas canções, mas eu ainda não sabia. São canções a roçar o género Jazz, ao estilo americano. A Smooth FM podia ser uma boa rádio se passasse Jazz original, uma Ella Fitzgerald, uma Billie Holliday, uma Sarah Vaughn, ou um Frank Sinatra, um Oscar Peterson, entre tantos outros. Mas não. Esta rádio passa sobretudo imitações, tributos, cópias. Como oiço rádio enquanto estou a trabalhar, oiço-a o dia todo. Por isso, passados alguns dias de Smooth FM, comecei a achar a música insuportável. Alguns intérpretes, imitadores baratos, ora desafinando obscenamente, ora gemendo em vez de cantar, faziam o meu braço saltar e carregar rapidamente no botão que corta o som. Uma destas vozes foi a rainha do voo do meu braço para esse tão útil botão. Quando ela começava a cantar, era como se viesse meter na minha garganta um pacote inteiro de manteiga rançosa a escorrer, insultando todo o meu interior. Se ainda se vendessem discos, era de afixar um dístico na capa destes hipotéticos exemplares à semelhança do que se faz com os maços de cigarro: ouvir isto provoca náuseas. Chama-se Anita Baker.

12 comentários:

  1. Respostas
    1. Olá, Diogo!
      Sim, CDS... Mas dos meus, que os teus... Bem... Imagino.
      Abraços, um beijinho e espero que não te zangues comigo :-)

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    2. Se, com essas reticências todas, queres dizer que tenho mau gosto na música, então, temos bulha, altercação, possível fight.

      Temos temos. :)

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    3. Oh, mas querido Diogo, para eu poder dizer se tens bom ou mau gosto na música, primeiro, tinha de ser sabedora do assunto (e mesmo assim!), segundo, tinha de conseguir ouvir uma das tuas músicas até ao fim.... ai as reticências, bolas. :-)

      (mas olha, o que eu adoro mesmo é isto: as diferenças entre as pessoas e a capacidade de continuarem a comunicar, a respeitarem-se, a ser amigos, até)

      Viva a (tua) música!! (ergo um copo de vinho, para ilustrar)

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    4. Porra, devo ter um gosto assim mesmo tenebroso, ou escarpado. :) É verdade que tenho gostos que não devem ter qualquer ponto de contacto com os teus; mas há os que também têm, estou certo.

      Se disser que ouço mais música clássica do que jazz, minto, porque é o contrário; a minha música é assim: feita de muitos espectros. Sou muito eclético. Ouço muitos autores/bandas de diversas correntes sanguíneas.

      https://www.youtube.com/watch?v=NQVpP9nS1ao&ab_channel=SonLux

      Se gostares 50% do que eu gosto disto (adoro!), então estamos no bom caminho no que respeita a música alternativa/espectro-Antena 3. :P

      Sim, as diferenças e a sua dignidade.

      Viva a (nossa) Música!!!

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    5. Ah, Diogo, não há isso de teres "um gosto assim mesmo tenebroso, ou escarpado", apenas temos gostos muito diferentes. E eu sou lá alguma referência, nem pouco mais ou menos!

      Esta música que agora mostras é algo muito diferente! Acho que realmente tem qualidade e sim, é seguramente alternativa ao mais convencional. Eu também às veze sdou-me conta de que oiço sempre as mesmas coisas (Bach e mais Bach, por exemplo).

      Mas gostei da tua música. Não adorei. Para mim, apesar de ser música de qualidade, tem também um fio condutor um bocado "dark", entristece-me. :-)
      Mas acima de tudo, muito obrigada pela tua paciência e empenho em partilhares isto. Essa é a parte de que mais gosto. :-)

      Um beijinho, Diogo.

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    6. A mim, a soturnidade, na música, alegra-me porque é capaz de me levar a lugares que desconheço; isto por falares da veia dark dos Son Lux. Desde adolescente, altura das investidas sérias na música, que o gosto pelas veias mais existenciais da arte marcam ponto. O "downtempo" seduz-me infinitamente. :)

      Beijinhos, amiga.

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    7. Por estranho que possa parecer, compreendo perfeitamente o que dizes, Diogo.
      A mim pode acontecer também o inverso: uma música muito alegre enjoar-me até não aguentar mais. Exemplo: Nona sinfonia de Beethoven.
      E há melodias tristes que me embalam acima de qualquer mal-estar, também. Vá lá a gente perceber-se, não é? :-)
      Boa Páscoa, Diogo!

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