a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

27/03/2013

Azerbeijámos

Dois a zero, ouvi eu dos meus sempre informados colegas, na hora do almoço.

Mas já disse que não discuto futebol.

A história para hoje é outra.


Eu ainda não tinha completado quatro décadas de vida. Estávamos as três a jantar, em casa. As minhas filhas adolescentes e eu. Elas sentadas à minha frente, do outro lado da mesa.

Como gosto de as ouvir e de estimular a sua expressão de opiniões, não por ser uma mãe exemplar mas sim para me divertir à sua custa, iniciei uma conversa qualquer cujo tema exacto já me fugiu, apesar de não terem passado muitas primaveras desde então.

Provavelmente desatei a utilizar tipo isto e tipo aquilo: "Hoje tipo o meu dia foi tipo bom e tipo o vosso?"

E uma delas: "Ó mãe, não gozes, nós não dizemos tipo assim!"

"Ah não? Então tipo como é que dizem?"

"Sei lá, dizemos, pronto! Não dá para explicar!"

"Explicar", continuo eu a divertir-me, "ou tipo explicar?"

"Ó mãããããee!!!"

"Pronto, está bem. A mãe está velha e gorda!" rematei eu, nem sei porquê.

Dois pares de olhos bem abertos e sérios a fitarem-me, em jeito de avaliação. Os garfos pararam a meio dos trajectos verticais, um ia a subir o outro a descer.

Durou uns segundos, garanto.

Depois saiu o veredicto, sincero, claro:

"Gorda não estás!..."

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