a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

25/06/2015

Forrar helicópteros ou mesmo aviões de asa dupla

Sabemos que escrever é tão bom, que se arranja qualquer coisa para servir de desculpa, ai não sei quê tinha de ser, eu faço muito isso quando não me acontecem coisas maravilhosas, não passam jacarandás em flor por mim nem José Rentes de Carvalho (saudades) me aparece à frente. Por exemplo, no outro dia encontrei uma unha de gel no chão, à entrada do edifício onde trabalho, e quase mudei do estado de caminhar em estilo de entrar no edifício onde trabalho para deter-me e baixar-me graciosamente olá unha de gel no chão, hesito dentro de um nano segundo, é tipo apanhas isso e depois deitas um post ao mundo, olha que bom. Mas não, a unha estava para ali só, sem dedo nem mão nem nada e eu, que sou má como as cobras para as unhas de gel em geral, continuei no estado em que ia.

Portanto, sem outro assunto, subscrevemo-nos, ai não é, andas a distrair-me, tu, voltemo-nos, isso sim, para o tema que valeu e se vai meter aqui connosco. Sem desculpas.

No final da minha aula de dança de ontem (e, caso continues a distrair-me e eu não me despache com isto, passa a aula para anteontem, olha já passou), uma das minhas colegas leva a mão ao cabelo, apanhado atrás, um cabelo lindo que ela tem, sorri e pergunta-me se tenho facebook. É a pergunta que me atira para a caixa da costura onde se arrumam alfinetes que pertenceram à minha avó, aliás às duas, misturei-os todos, junto à qual se ouve a Tourada de Fernando Tordo numa telefonia que já só toca na minha memória e, em cima da mesa de madeira escura, está o naperon que uma delas fez (as minhas avós produziram naperons que, bem esticados uns ao lado dos outros eram capazes de cobrir toda a rede de autoestradas do nosso Portugal e se a Joana Vasconcelos apanha isto é possível que se entusiasme com tanto naperon tão bom para forrar helicópteros ou mesmo aviões de asa dupla que são ginásios muito usados para jogging de interior, lá estou eu a desviar, importas-te de parar com isso?, que aborrecimento).

- Não, não tenho - avanço o meu melhor sorriso, esta colega merece-o, e componho o meu próprio cabelo e a desculpa, que desta vez é verdadeira - não arranjei motivo para fazer um facebook às pessoas.

Ela não se escandalizou, não me perguntou se tenho internet, nem me disse que até a mãe dela tem facebook (já tudo isto me aconteceu). Mantendo a calma, ouviu-me dizer que faço um blogue com posts enormes e que isso é quase o mesmo que facebook. Mas muito melhor. De certeza.

16 comentários:

  1. Uma das minhas irmãs também não tem e é contra (já tentei convencê-la com a história da avó que só conseguiu reencontrar a neta graças ao FB, mas nada, continua sem ter e sem querer ter)

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    1. Eu não sou contra o facebook, nada mesmo. Só não consigo é arranjar um bom motivo para ter o meu. Mas acho graça ouvir as pessoas em festas falar do que viram no FB umas das outras. :-)
      Beijo, redonda.

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  2. Também não tenho, nem o quero. É um vírus azul muito aborrecido :)
    (Dinossaura, foi o nome mais fofinho que já ouvi. Logo eu, que ainda palmilho na frescura dos trinta e qualquer coisita :)

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    1. Por falares em azul, querida G., deixa-me dizer-te que acho esse teu avatar muito bonito, faz-me lembrar um passo de dança. Tenho pena de não o ter apanhado eu primeiro. :-)

      Quanto ao FB, eu já sou dinossaura com mais uma década que tu, mas nos frescos trinta é realmente raro encontrar alguém sem conta aberta. :-)

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  3. A telefonia também me toca na memória. Disso das unhas de gel também não sei nada, mas aprendemos muito uns com os outros nisto dos blogs.

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    1. Aprendemos, sim, Uva querida. Eu aprendo muito contigo (ainda hoje lá li um post que me encheu as medidas - o da livraria).

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  4. Comecei por usar para tentar encontrar o paradeiro de alguns amigos dispersos pelo mundo. Agora que nos reencontramos, falamos por telefone, contactamos por email, mas nunca por Facebook. Raramente lá vou e, quando vou, é só para limpar as teias de aranha...

    Um beijinho, querida Susana

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    1. Se eu um dia quiser encontrar alguém perdido no meu passado, farei assim também. Mas por enquanto consegui trazer para o presente todos os que me interessou trazer. São poucos, mas são bons. :-)
      Outro beijinho, querida Miss Smile.

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  5. O facebook e eu temos diria que temos uma relação de "Amor / Ódio", foi maravilhoso quando viemos para a Argentina, pelas distâncias etc, mas depois converteu-se no centro de irritação!! :S lol Já o adormeci e já o acordei recentemente, embora num modo muito soft... mais até no sentido de poder falar, ou saber um pouco desse amigos que estão longe! Tirei a prova de que sem o FB não perdi ou deixei de falar com ninguém, atenção, mas...há pessoas que simplesmente é mais fácil ali. Mas... continua-me a irritar... o conteúdo em geral da vida perfeita ou desgraçada de todos!!! Bahhhh!! Cansa-me o cérebro!!! lol :P
    Boas leituras mesmo (ou talvez até melhores) sem facebook!! ;)

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    1. Quando se está longe, imagino que o FB pode ser uma óptima ferramenta para encurtar distâncias. E depois, ele não se queixa se for adormecido com uma pancada na cabeça e a seguir despertado de novo, pois não? :-)
      Beijinhos, Luísa, e boas leituras!

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    2. Nop! Nada! ;) Voltamos e está ali tudo igual, como se não tivesse acontecido nada! ;)
      Boas leituras! :)

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  6. Não tenho unhas de gel mas tenho FB. São coisas! ;)

    Beijos, Susaninha. :)

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    1. Querida Maria, uma alma toda "pessoas" como a tua tinha de ter FB (com ou sem unhas de gel)! O mundo precisa de ti e do teu contacto (eu, por exemplo, preciso, mas como tenho um blogue, safo-me por aí) :-)
      Beijos. :-)

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  7. Adorava ter um helicóptero forrada a neperon de avó.

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    1. http://www.joanavasconcelos.com/info.aspx?oid=2061

      (Quase que a Joana te fazia a vontade ;)

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    2. Só é pena, Cuca, não dar para o jogging de interior, como dão os aviões :-)

      A Joana lembra-se de cada uma, que é impossível não nos inspirar os posts.

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