a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

31/07/2016

hunger games, pior será possível?

Ontem, já o dia se sumia, aliás a noite, para dentro desta data, e fui rematá-lo para a sala de estar assim: acompanhando a minha filha que sobrou de sair num sábado à noite, mas vocês não podem ser amigos de dia? têm de ser amigos com tanta urgência pela noite dentro?  isto sou eu, claro, sim mãe, tu não percebes, à noite é outra coisa, mas ontem, dizia eu, ontem fui então ao sofá, olá sofá, lembras-te de mim? Mãeeee!!! Vens ver televisão???? Fui ver televisão (portanto deixa aqui e agora de ser verdade que eu não vejo televisão). O prato que me foi servido por esta minha filha, que é a mais nova, com todos os cuidados, chama-se hunger games (não leva maiúscula).

Às vezes, quando estou a escrever, o meu coração começa a bater com mais força para me avisar de que aquele caminho não é para ser caminho escrito, andor daqui; foi o que acabou de acontecer, de maneira que fazemos um desvio suave ao tema. Até me recordei nessa altura que conhecia o nome hunger games (não merece maiúscula) do livro que esta minha filha comprou na Feira do ano passado com muito entusiasmo. Na altura, devido ao muito entusiasmo, nutri uma certa simpatia pelo livro. A minha filha leu-o logo nos dias seguintes, mas eu sou mãe que não conhece tudo o que se lê em casa.

Vi o filme até ao fim. Queria ser resgatada à tristeza em que aquilo me estava a enfiar, toda aquela ausência de vida, de alegria, de cor, ó meu amor… ó mãe, eu mudo... Nem a tecnologia simulada que ali se põe me veio buscar. Mas eu quero ver o que é isto que captura tanto a minha filha, pelo visto as duas, e mais do que uma vez, eu já vi este filme imensas vezes, mãe, posso pôr outro, só faltou talvez perguntar-me se eu queria o Música no Coração (aqui maiúsculas, evidentemente). Tentei tomar diferentes perspetivas, abrir a mente a novas ideias, rebusquei nas minhas bases de dados mais abertas, possivelmente desatualizadas mas de boa serventia para muito assunto, e vá que encontro uma perspetiva ali no chão, agarrada ao tapete: isto na verdade é uma sátira à vida real – lembrando-me de cenas também cá minhas (não posso é dizer quais). E até vi uma outra: filha, isto não se assemelha ao big brother, aquela coisa patética do big brother, em que as pessoas vão sendo mandadas fora de uma casa onde estão como animais sem privacidade e no fim sobra um?... Mãe, eu ponho outra coisa…

Dormi mal. Acordei a meio do sono ainda imbuída de toda aquela ausência de vida, aquele cheiro intenso a morte como se de uma brincadeira se tratasse, uma violenta miséria humana levada ao extremo, a subtração de toda a liberdade, uma descomunal estupidez.

Eu não percebi. Haverá por aí outras perspetivas, se faz favor?

(perdoo melhor, mesmo assim, a ganância que se sobrepôs a interesses maiores, durante décadas, na construção civil, da qual resultaram hordas de prédios horrendos e mal metidos por todo o lado, e sobretudo mal construídos - que eu bem oiço os meus vizinhos)

12 comentários:

  1. olha Susana, desde que cá por casa se vê os Walking dead, e se aguarda ansiosamente o apocalipse zombie...eu deixei de tentar entender, aliás, nunca tive coragem de ver essas séries...
    boa sorte para ti :)

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    1. bem, eu não vejo séries nenhumas, mas aquele filme não me pareceu imaginação fértil em terror, coisa para entreter quem gosta de ser entretido no campo do terror, aquilo pareceu-me ir mais longe, uma violência psicológica muito perversa.
      um beijinho, querida ana.

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  2. Demasiado violento. Violência pura e gratuita. Não sou fã. Só vi o primeiro e perseguir e matar pessoas pelo prazer de um jogo não é a minha onda.

    Beijinho*

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    1. Precisamente. Eu sei que é apenas filme, mas também prefiro ver salvar vidas, como tu fazes. :-)

      Beijinho, AC.

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  3. Sofri horrores a ver esse filme, o primeiro, creio até que foi no cinema, é triste que se farta, e o outro a seguir já só o resto do pessoal cá de casa é que o viu.

    Não tenho uma perspetiva diferente mas comentei na mesma. :)

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  4. Desconheço. Não tenho conhecimento sobre se algum dos meus filhos gosta desse tipo de filme e nem sei a história ou se tem história. Também não entendo o que atrai os garotos nesses filmes. Mas a mente deles é, decididamente, diferente da nossa.

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    1. Isso é verdade, bea, a mente deles é diferente. Como me disse um sobrinho: é preciso separar as coisas, filme é filme e realidade é realidade.
      Pronto, mas ainda assim, não recomendo, bea. É um filme perda-de-tempo.

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  5. Talvez experimentar ler os livros possa ajudar... - eu gostei da heroína, de como ela se oferece para salvar a irmã, de como se importa com os mais frágeis, de como consegue sobreviver e de como no terceiro livro, última parte, que será o 4º filme, não é enganada.

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    1. Essa é a única parte que se safa, a da heroína a oferecer-se para aquilo no lugar da irmã mais nova. Sem dúvida.
      Os meus sobrinhos também me disseram que no fim da saga a coisa vira e recompõe-se. Bem, mas eu, querida redonda, nem mais filmes nem livros.

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  6. Vi o primeiro filme e achei horrível por falta de 'sumo' e 'sal'...

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    1. Mais valia sumo de toranja, que é amargo à brava e sal a rodos. Jesus.

      Olá Tétisq, é sempre bom ver-te. :-)

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