a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

02/02/2017

Hipótese

Do ponto de vista da mãe natureza, a eutanásia é tão válida como o é a indução de um trabalho de parto que, segundo critérios, está atrasado. 

20 comentários:

  1. apanhaste-me aqui, quando ando eu a fugir ao tema que está por todo o lado. li o título do post, e pumba...
    mas, Susaninha, a indução do trabalho de parto, dá uma vida pela frente, a ...... (desculpa mas eu não consigo), dá o não-futuro...

    (ai, escreve uma coisa linda, escreve, como só tu sabes. beijinho dentro de parêntesis, também, que aqui está tudo mais bonito)

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    1. Claro, ana, são as duas situações opostas da vida.
      Mas do ponto de vista do processo natural, tanto se o antecipa num caso, como no outro.

      (pronto, e agora, aqui no mesmo parêntesis, continuemos a celebrar a vida, não nos esqueçamos nós disso)
      (sim, eu sei, nós não nos esquecemos)

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  2. Independentemente das dúvidas que me assaltam quando penso no tema, não me agrada esta hipótese, querida Susana... :(

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    1. A mim agrada-me. Agrada-me ser capaz de ver a eutanásia como um ato de misericórdia e não como um crime.
      E o lado bom de a eutanásia deixar de ser um crime em Portugal, quanto a mim, é os visados poderem, na medida do possível, escolher. O acesso à escolha é fundamental, penso eu.
      :-)
      Um beijinho, luisa.

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  3. Não sei que aconteceu ao comment que fiz e já ia por aí fora. Bom. Parece-me que, num país democrático, deve existir a hipótese de, em doenças terminais ou situações de dependência sem regresso, o doente poder decidir, na posse das suas faculdades mentais, se quer continuar ou não a viver. E para mim não é apenas nem sobretudo uma questão política, é, acima de tudo, uma questão de respeito pelo outro e pelo seu sofrimento intolerável cujo términus é a morte. Não sei se eu mesma poderei um dia decidir da minha morte, mas gostaria que tal hipótese me existisse. Just in case. Descansa-me a ideia de não sofrer nem fazer sofrer demais só para morrer. E não me parece que a existência de legislação adequada à morte clinicamente assistida vá ferir susceptibilidades religiosas, pessoais, ou outras porque a decisão só a toma quem quer. As religiões podem manter os seus princípios e cada um age em consciência e de acordo consigo mesmo. Mas não cerceiem a liberdade daqueles que, como eu, entendem que a vida é um bem inestimável e único, mas é contra a decência e a condição humana mantê-la em condições desumanas. Respeitem-nos até ao fim.
    E creio que debates saudáveis esclarecem posições e ângulos e permitem decisões pessoais mais razoáveis.

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    1. Penso exatamente assim, bea. Só não seria capaz de o explicar tão bem.
      Obrigada.

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    2. Eu, como futura médica, junto o meu pensamento ao da bea e ao seu, Susana.
      Gosto imenso que aqui vir, como já anteriormente lhe disse. Que bem e meigamente escreve.

      Um abracinho daqui do frio :)

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    3. Minha querida Marta, desejo-lhe o maior sucesso nesses estudos de uma disciplina que é tão bonita (e que era aquela que eu queria ter seguido, se qualquer gotinha de sangue não me fizesse cair para o lado).
      Um abraço forte e quentinho aí para o frio. :-)
      (e eu gosto muito que aqui venha)

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  4. Subscrevo toda e qualquer palavra da ba em relação a este assunto. Ainda mais porque vi a minha mãe a "morrer" lentamente e não gostei do processo. Admito que seja uma posição egoísta de minha parte, mas não desejo sofrimento a ninguém, em nenhuma circunstância. Sou tendencialmente a favor e caso a caso, refletido pel@ própri@, se possível, e por quem lhe é próxim@.

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  5. bea, aliás
    (desculpem a gaffe no nick)

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    1. Lamento, Homónima, que a tua mãe tenha passado por isso.

      Recentemente fui a uma cerimónia fúnebre de uma senhora que foi eutanasiada (na Holanda). Claro que ouvi toda a história contada pelo viúvo, a emoção, e senti que aquilo tinha feito sentido. É muito triste, é evidente que a morte é sempre triste, por vezes absolutamente horrível, mas naquele caso ela sofria há muito tempo, e quando a esperança de recuperar acabou, ela escolheu o dia em que queria morrer e partiu. Apenas um pouco mais cedo do que iria partir, mas com menos sofrimento. Fez sentido para mim.
      Um abraço forte, querida Pseudo.

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  6. "Do ponto de vista da mãe natureza" haveria até uma forte probabilidade de não termos de estar a preocupar-nos com questões como a eutanásia, "do ponto de vista da mãe natureza" nem sequer existiriam hospitais, médicos, enfermeiros, medicamentos e por aí fora que cada vez mais vão possibilitando o prolongamento da vida, às vezes, para lá dos limites da dignidade humana...

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    1. Uma vez, Cláudia, eu era pequena, talvez tivesse uns 12 anos, e li numa enciclopédia que a minha mãe tinha, em papel pesado e livros grossos de capa dura, que se nós, raça humana, não fôssemos intersetados pelos agentes externos maléficos, acidentes ou outros agentes que nos entram na forma de doenças, poderíamos, por vontade da mãe natureza, viver até aos 150 anos. Custou-me um bocado a acreditar naquilo, tanto custou, que fui mostrar a mais alguém para confirmar que não estava a ler mal. Enfim, um dia chegaremos lá, como raça. E quem sabe ultrapassamos esse marco.

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  7. tema espinhoso, mas a liberdade de escolha tem de existir. há sofrimentos inimagináveis, que nenhuma medicina por mais avançada, consegue sanar. quando chega o momento de não retorno e a espera do último suspiro é agonizante, parece-me de toda a justiça que alguém que tenha determinado no pleno da sua consciência proceder à sua antecipação, o deva poder fazer . se a lei o permitir, a decisão será de cada um e não haverá culpados. é possível que seja necessário coragem e lucidez para tomar essa decisão. e a decisão de não reanimar? não entrando em discussões filosóficas, se a lei for aprovada, acredito mais um pouquinho neste Portugal bacoco.

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    1. A lei vai set aprovada, Mia. É uma questão de tempo. Penso eu.
      Este nosso Portugal não é tão bacoco assim. :-)

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    2. não é, claro que não, Susana. Sempre tivemos "velhos do Restelo", mas o que me custa, é mais o conservadorismo bafiento. há que respeitar muito as posições assumidas, que o caso é complexo. quero crer que a lei não há de ser elaborada de forma gratuita nem aleatória. hão de cuidar cautelosamente o assunto, espero eu, porque merece ser tratado com pinças. há muitas sensibilidades...se vier um referendo será bem-vindo. afinal, mais que os deputados nesta matéria, somos nós, sociedade que também devemos intervir. e é isto que faz falta a este país. é estar atento aos problemas e conversar sobre eles. não é só falar, por falar, sim que toda a gente nesta terra tem opinião para tudo ( as melhores escolas de formação nesta área são os jogos de futebol), é falar com conhecimento de causa e calmamente, nada de gritaria.depois, aborrece.me sermos tão amorfos.
      beijinhos e boa semana. já enchi aqui espaço...

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    3. E que bem encheste o espaço, Mia. :-)
      A morte ainda é um tabu.
      Talvez com a aprovação da lei, quando acontecer, deixe aos poucos de ser um tabu. Acredito que nos faria bem.
      Um abraço, querida Mia. E boa semana para ti também.

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  8. OH Susana...pode ser uma comparação simples mas eu adorei-a. Sou não só o mais possível a favor como estou disposta a lutar para que venha a ser possível. Só os ricos podem ir à Suiça e tratar de tudo como deve ser.
    ~CC~

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    1. E aavaicredito que vai ser possível, não há razão para não ser.
      Querida CC, um bom fim de semana para si.

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