a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

08/04/2017

Orquídeas morrem a toda a gente

Lavei os dois potes de pedra do terraço, que acolheram todo o inverno com a concavidade que os caracteriza, e ainda guardaram algumas folhas outonais que os escolheram e neles quiseram apodrecer. Podia também dizer-se uma poesia aqui, mas nesse caso estaríamos no blogue errado. No fundo, os potes de pedra continuam à espera de uma planta que lhes não morra dentro completamente. Eu sou de poucas artes no que respeita a exercer o amor pelas plantas, isto é, a tratar delas com sucesso garantido. Já me morreram hortenses, orquídeas (mas essas morrem a toda a gente), flores diversas de todas as cores desde que em vaso, gerânios muito lindos e coentros. Lembro-me até de que estava a experimentar na marquise de Lisboa onde vivia à época, uns enxertos estufados em sacos de plástico de uma planta que me encantava cujo nome perdi, mas entretanto nasceu-me uma filha e os enxertos pereceram antes de ela chegar às sopas. Houve que interromper, portanto, os amores às plantas para tratar de um banho, de um bolsado, de uma ida ao hospital, do pediatra ou, até, do IRS. E os potes não foi só lavar, os potes foi desentupir o buraquinho do fundo cheio das folhas apodrecidas já mencionadas, para amanhã, atenção. Amanhã dar início a mais uma tentativa de me lançar em jardinagem caseira. Enchê-los-ei de terra que estava em promoção no supermercado mas só comprando vinte quilos, que arrastei para casa, e lá plantarei um cato muito bonito em cada um. Cato agora é sem c.
Podia tirar antes os vinte quilos do solo aqui do monte beirão, não podia? Podia, mas não me lembrei.

(este post é capaz de ter amanhã atualização com os catos plantados a deitar para a serra, ao menos bonitos eles, caramba, eles são)

***
segue-se a atualização prevista do dia seguinte, mas agora não tenho a certeza de isto serem catos, que picar eles não picam.


15 comentários:

  1. As orquídeas morrem mas ressuscitam. Eu que não consigo manter vivas as plantas que têm o azar de vir parar cá dentro de casa, tenho duas orquídeas que se aguentam há vários anos. Um dia perdem as flores mas passados meses estão de volta. Uma delas está agora mesmo a florescer de novo.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Mas as minhas, luisa, morreram mesmo bem mortas, foram comidas por uma legião de pulgões brancos e peludos. Desta chacina sobreviveram duas orquídeas que sim, voltaram a florir e por enquanto estão bem. :-)

      Eliminar
  2. nada como confiar num cacto! fiáveis e resistentes.
    picam mas não magoam

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Plenamente de acordo. Mesmo que seja dos que não picam, resistem bem, têm reservas de água incorporadas, uma excelente ideia. :-)
      Olá il.

      Eliminar
  3. Agora chamam-se suculentas. Ou sempre se chamaram e eu é que desconhecia o nome:). Também tenho duas ou três.
    Quem disse que os cactos picam mas não magoam não se picou num dos meus. É que aquilo dói mesmo.
    Também deixo morrer uma ou outra orquídea. Acontece. Ficam mortíssimas e sem ressurreição possível. Neste momento só tenho orquídeas de exterior, daquelas a que as pessoas chamam orquídeas selvagens. Farto-me de olhar para elas mas de selvagens não têm nada. São apenas mais desengraçadas que as outras e com cores mais esquisitas. Menos formosas, portanto.
    Então, muita sorte com as suas suculentas.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Ah... então é por isso que no cartãozinho que vinha espetado num dos vasos está escrito exatamente "Suculentas" e eu até pensei "eu cá é que não as vou provar para lhes verificar a suculência, olha olha". :-) Afinal era mesmo o nome da espécie, merci.

      Acho que as orquídeas são plantas que vieram do futuro. Um dia ainda invento uma história sobre isso. É que não se adaptam, as metidinhas, são exigentes, precisam de muitos cuidados, e a gente com as camas por fazer e a sopa ao lume. E é que se não lhes orientamos as hastes, elas nascem a fintar a gravidade, só para chamar a atenção.

      Obrigada, bea. (gosto tanto que puxem por mim) :-)

      Eliminar
  4. "Orquídeas morrem a toda a gente", as que fui tendo morreram-me todas, confissão: não gosto de orquídeas, mas as pessoas gostam de oferecer-me orquídeas e vê-las assim tão felizes com o presente, que vem lindo, e lá vêm elas naquele exercício de amor por mim e morre-me nos lábios "não gosto de orquídeas" e o que nasce é um sorriso, mesmo de vontade de sorrir, depois, um pouco mais tarde, lá morre também a orquídea, não que não trate delas, mas, lá está, não sou capaz de exercer o amor que não lhes tenho.

    Boa noite, Susana :-)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Sabes, Cláudia, não me espanta que não gostes de orquídeas, elas de facto parecem flores de plástico, são flores com pouca alma.

      (a bisavó que conheci até mais tarde achava que a minha mãe gostava muito de fruta cristalizada e trazia-lhe sempre uma caixa de fruta cristalizada, que a minha mãe nunca teve coragem de recusar, muito menos de declarar dizer que não, que não gostava nada de fruta cristalizada - lembrei-me, por causa da tua história de não-amor com as orquídeas)

      Boa noite, Cláudia :-)

      Eliminar
    2. É isso mesmo Susana, "são flores com pouca alma." Fazem-me lembrar aquelas pessoas todas muito arrumadas esteticamente e depois olhas para elas e falta-lhes viço, chama, não lhes encontras luz no olhar, para mim, se fossem flores, eram orquídeas :-)

      (Oh! Obrigada por teres contado. Pois, vês, é difícil uma pessoa declarar o seu não-amor por uma coisa quando sabe que essa coisa está a ser oferecida carregada dele)

      Eliminar
    3. *seriam orquídeas

      Eliminar
    4. Uma boa comparação essa que fazes entre as pessoas sem viço e as orquídeas. Mas eu gosto de orquídeas, intrigam-me. É que as flores são autênticas obras de arte e duram imenso tempo; parecendo frágeis não o são propriamente. Acho que só há uma flor de que não gosto: a papoila. Não tem graça nenhuma a papoila.

      (e essas pessoas aprumadinhas e sem viço também me intrigam, quando posso tento descobrir o que está lá dentro - às vezes encontro uma imensa insegurança)

      Tu não és psicóloga e eu também não (só para lembrar).

      Boa Páscoa, querida Cláudia. :-)

      Eliminar
    5. Vou dizer-te por que razão ainda estou na caixa de comentários deste post, então, gosto que me contes estas tuas coisas e queria que ficasses a saber que, ao contrário de ti, adoro papoilas, fico toda contente quando aparecem no meu quintal, acho-as lindas.
      Também não vou para a caixa de comentários seguinte, tenho uma série infindável de histórias com o Noddy, o meu primeiro cão, acompanhou-me dos três aos dezoito anos e portanto não, não dá para ir para a caixa de comentários. O último post ainda não li, venho depois cá com mais calma, mas como também quero desejar-te uma Boa Páscoa, querida (também para mim) Susana, cá estou eu, ainda, na caixa de comentários deste post.

      Eliminar
    6. Ó Cláudia, mas tu se arranjasses um blogue já podias contar isso tudo... (pronto, desculpa, não torno a insistir).

      Mas não te dá vontade de passar a ferro as folhinhas sempre amachucadas das papoilas?... :-)

      O último post é feio, Cláudia, não vás lá, salta-o.

      :-)

      Eliminar
  5. Flores gosto de todas, com preferência para as silvestres. Com os cactos já tenho mais dificuldade, a não ser que tenham flores:)
    ~CC~

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Eu aprendi a gostar de catos, CC, quando precisei de os imitar com algumas pessoas cá na minha vida (para me defender). E então comprei dois ou três dos pequeninos e olhei-os por muito tempo para lhes aprender a arte de afastar indesejáveis. :-) (não sei se resultou, mas a intenção era boa)
      Um beijinho e mais outro abraço dos apertados. :-)
      Boa Páscoa, CC.

      Eliminar