a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

15/04/2019

Outro bode (qual não sei)

Estava em pulgas para entrar de férias e poder, finalmente, atirar-me para um lado qualquer, etc (nem sei que diga), como por exemplo, vir contar esta história ao blogue.

Eram umas cinco da tarde do domingo de ontem quando bateram à porta. Na aldeia onde está esta porta passa quase ninguém, carros contam-se pelos dedos de uma mão, porém lá de vez em quando alguém quer saber que casas estão à venda ou se eu sei onde tem casa a Eveline qualquer coisa. Por uma ironia do destino, o único nome português vivo na aldeia desconfio que é o meu. Mas ontem, lá desviei o trabalho, lá me endireitei, e lá fui abrir a porta perguntando aos meus botões que coisa seria agora. Era o vizinho inglês com cinco ovos na mão. Cumprimentei-o, adivinhando já que os ovinhos iriam saber-me a pato, embora fossem nitidamente de galinhas. Ele diz-me que por sermos mais ou menos bons vizinhos tinha cinco ovos para nos oferecer. E passa-me os ditos um a um. Precisei das duas mãos.
- Mais ou menos?! – claro que me admirei, tanto me admirei que achei certo o "mais ou menos" se dever ao português dele não ser tão bom como o meu.
- Sim, mais ou menos, mas mais mais do que menos. – e isto o vizinho inglês disse muito claramente.
- Ah... - continuo admirada.
- Desculpa, eles estão sujos… tirei-os agora das galinhas, temos muitos ovos e não comemos tudo.
Desculpa o quê, nada a ver, eu sou uma excelente vizinha e portanto agradeço com vigor os cinco ovos que me enchem as mãos.
- E as cabras, como vão? – simpatizo mais é com as cabras.
- Ah vão bem, mas nasceu um bode, não preciso dos dois. – ao dizer isto, ri-se e continua – Estive aprender no Youtube como cortar as unhas dos bodes.
- Cortar as unhas dos bodes?!
- Sim, eles precisam fazer assim assim – exemplifica um raspar com as mãos – em pedras e quando não andam em pedras, como aqui, as unhas crescem e… - ilustra agora um encaracolar das unhas das próprias mãos.
- Encaracolam – ajudei, mostrando de novo a ótima vizinha que sou.
- Isso. Então cortei as unhas do bode. Ele estava a mancar… diz mancar?
- Precisamente, mancar. – uma boa vizinha confirma a palavra sem problema nenhum.
- Pois, era das unhas grandes. No Youtube explica muito bem.

Só não perguntei a qual dos bodes ele cortou as unhas, se ao bode pai se ao bode filho. Esqueci-me. Mas de agradecer os ovos pela terceira vez não. Como fazem as boas vizinhas, evidentemente.

4 comentários:

  1. Esses cinco ovos e o bode é que davam uma bela história para crianças:) E a Susana é bem capaz!
    ~CC~

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    1. Hum... se calhar davam... E que tal contá-la a CC, inventando as partes que faltam? :-)

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  2. Ovos do campo fazem o melhor pão de ló do mundo e muito amarelinho.
    Ass. Bruno Alves

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    1. Pão-de-ló não experimentei, mas tudo o que estes ovos fazem é amarelinho, lá isso é! :-)
      Outro abraço, Bruno.

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