a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

25/10/2019

Por obséquio

Tenho em mãos um trabalho de tricô que já não se usa. Mesmo eu, teimosa veterana rejeitante de novidades de que não sinto falta e portanto fora de moda, mal lhe pego! Por vezes, levo-o a passear de carrinho para aqui e para ali, acondicionado no seu saquinho e bem acompanhado de intenções. Até lhe comprei umas agulhas circulares para, no comboio ou numa sala de espera onde me possa eu encontrar, não dar agulhadinhas em quem me ladeasse e aí pôr-me a produzir à vontade. Só espero que não dar agulhadinhas em quem me ladeasse esteja suficiente para se visualizar a cena hipotética que as agulhas circulares vêm salvar. Mesmo assim, todo equipado e prevenido, o trabalho já vai ganhando um pózinho por cima que é revelador.
Tudo isto porque, quando acabei as obras em casa, me enchi de entusiasmo e decidi não comprar mas fazer capas novas para duas almofadas dos sofás (não vou nem a meio da primeira) e agora, instalada no comboio regional, o outono holandês a deslizar, todo querido, na janela, eu bem calminha, o tricô já ia. Mas só se eu não o tivesse deixado ficar em Lisboa, claro, que um trabalho destes não se pode guardar na nuvem ou pedir a alguém que de lá mo envie por obséquio e por Whatsapp ou por e-mail num instante. Olha que lindo.

2 comentários:

  1. Unh, deve haver para aí um jogo qualquer de tricot para fazer on-line, já produto é que não vai haver, pelo menos palpável, capaz de nos aquecer...
    ~CC~

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    1. Jogos online! Como não me lembrei?! tss tss... desde os tempos do Tetris que não jogo nada e esse nem era online!!... :-)

      Um beijinho, querida CC, e boa semana.

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