a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

04/02/2021

Aromês

Reflito com os cabelos molhados sobre as abelhas produzindo todo aquele mel que não quero ingerir. Antes observar paragens de autocarro especialmente quando estão fornecendo primaveras por cima. Ou, vá lá, o aroma a coco, todo lembrando-me as idas violetas imperiais.

Sim, que leio os rótulos debaixo da água quente com o mesmo empenho outrora produzido frente à caixa de Nestum (com aquele) e verificando claro que todas as traduções disponíveis. Podia ter avarias diferentes.

Estando pronto o duche, faço cumprir a função do rodo essencialmente de cima para baixo, enfim proporcionando o descanso querido ao contador do fluido limpo e frio, não sei se sabias, a pingar.

(contudo, o frango estufado com ervilhas chama em aromês, vem do fogão e é urgente)

8 comentários:

  1. Da diversificação do uso das palavras acontecem os textos perfeitos
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    Cumprimentos poéticos.
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    Pensamentos e Devaneios Poéticos
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    1. Muito obrigada, Ricardo, pelo cumprimento não merecido.
      Saudações poéticas também e bom fim-de-semana!

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  2. Por vezes há letras que não se conseguem ler! :))
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    Já anseio por uma nova Primavera
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    Beijo e uma excelente noite! :)

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    1. Também anseio pela primavera em todos os sentidos!
      Beijinho, Cidália.

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  3. Sabes, uma das coisas giras de ler blogs, para mim, é também a diversidade de estilo e de forma que, ao fim de um tempo, passa a funcionar como quando te referes a uma pintura pertencente a um pintor cujo trabalho te agrada, "Este é claramente um...", ou, no caso da escrita de um post, por exemplo, mesmo sem qualquer indicação: "Este é claramente um Susana Rodrigues". Acho maravilhoso, estilos tão próprios e nada iguais, o tal cunho pessoal.
    Agora, o que queria mesmo dizer-te e acho que estou aqui a enrolar e isto não está a sair lá grande coisa, é o que vai a seguir, às vezes, surpreendes com um estilo completamente diferente, assim como quem está a fazer uma experiência tendo a generosidade de oferecer-nos o resultado, e, fico com a ideia de que se não estivesse no teu Blog e não estivesse ali a tua assinatura, já não conseguiria dizer, "sem dúvida, este é um Susana Rodrigues". Aconteceu-me com o post "Atraso" e agora só sei que este "é um Susana Rodrigues", para além das indicações óbvias, porque já existiu o "Atraso".
    Agora, depois de tudo o que escrevi antes, que não sei se terá ponta por onde se lhe pegue, vamos imaginar que perguntas: "Mas, gostaste? E eu: "Então não, mais uma vez, bolas, mas que bela experiência!"

    E também um belo fim de semana é o que te desejo, Susana :-)

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    1. Ah, Cláudia, que suculenta dissertação! (adoro que faças isto)

      Sei perfeitamente esse efeito de "Isto é claramente uma Palmier, por exemplo" - que, no caso, tanto dá para um post de chorar a rir como para aquelas obras lindas que ela faz.

      Sabes, ultimamente deu-me para tentar vencer o meu problema existencial com a poesia. Irritava-me não conseguir sentir nada, nadinha, zero, ao ler por exemplo (ai agora) Sophia. (evidentemente, o problema é meu e só meu, hã?)
      Mas insisti na procura e encontrei uma poesia diferente. Uma poesia que me vira ao contrário, do avesso, me faz dar um salto e ficar toda desarrumada, por exemplo. Ou, ainda, me põe a rir. E isso caramba, é de valor!
      Portanto, comecei a ler poesia. Claro que com muito jeitinho, pé ante pé, sem fazer barulho. Por enquanto tem sido mais com autores contemporâneos e conterrâneos. E adoro!!
      Só que isso influencia-me a escrever e depois saiem coisas assim como a última (que aconteceu enquanto eu tomava duche) :-)
      Podia ser pior, não podia?
      Um excelente, inspirador, fim-de-semana!

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    2. Ai, pronto, vou ter de voltar a dizer coisas
      Sabes que estive mesmo para brincar e dizer, na pintura, "um Palmier Encoberto"? :-), se bem que as pinturas da Palmier tornaram-se um caso sério. Acho que, em vez de escrever, a Palmier passou a pintar os posts que lhe passam pela cabeça, é o mesmo estilo inconfundível, tal qual, mas numa outra forma de expressão.
      Agora a poesia. O que me diverte mais na poesia, e dá o devido desconto à palavra diverte, é que com "a poesia" permito-me não perceber nada, posso não perceber nada e sentir qualquer coisa, posso dizer cá para mim "não percebi nada, mas que coisa bonita de se ler", pode, pura e simplesmente, encantar-me o ramalhete de palavras. Essa desobrigação de perceber, descontrai-me, porque, fora da poesia, tenho que perceber, ponto, se não percebi à primeira, não saio dali até perceber :-).
      Outra coisa que também sempre me divertiu, são as grandes interpretações que se fazem sobre aquilo que alguém escreveu, sempre pensei, o que diria o Autor daquilo, imagino o próprio Autor "ai sim? não me diga, foi isso que escrevi? Ou então penso na possibilidade de um determinado Autor não ter pensado em nada de especial quando desatou a escrever, e, depois, passar a adoptar uma interpretação, de uma outra pessoa, que lhe agradou :-). Penso que tudo isto é mais fácil acontecer na poesia. A liberdade interpretativa é mais fácil acontecer na poesia. Pode uma pessoa ler de uma maneira e outra de uma outra completamente diferente, sem ser apenas um caso de duas pessoas que não conseguiram interpretar um determinada texto, podes interpretar só com o que te faz sentir, sem qualquer objectividade, e isso ser completamente válido.
      É também terreno muito fértil para aquela bitola, muito europeia, "quanto menos se perceber, melhor é", mesmo que seja extremamente penoso, ou, melhor, preferencialmente penoso, como indicativo de profundidade, coisa que também sempre me divertiu, e, se não percebeste nada, então, é porque aquilo é mesmo superiormente bom, daí não conseguires alcançar.
      Nestes teus dois posts, nada de penoso :-) e aconteceu-me isso de não me preocupar nada em tentar perceber, apenas desfrutei, apenas achei bonito o ramalhete de palavras que escolheste, e, diverti-me. Divirto-me com a forma como trazes as coisas da vida prática a acontecer e a interromper-te o pensamento, ou o devaneio poético :-)
      Mas, também te digo, se me perguntares se prefiro poesia a prosa, respondo-te, amo a prosa, apaixono-me, pontualmente, pela poesia.
      Pronto, bota dissertação nisto... Até um outro dia qualquer, Susana!

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    3. Isso que dizes de poder acontecer-te não perceberes nada do poema e mesmo assim dizer-te alguma coisa, eu compreendo. Mas creio que no meu caso ainda sou demasiado dura de ouvido para poemas muito intrincados. Se não perceber mesmo nada, o meu cérebro começa a desviar-se para as tarefas domésticas que tenho pela frente ou coisa assim. Tem de haver pelo menos um átomo do poema que cá entra. Ou seja, para mim a bitola do quanto menos se perceber melhor não funciona em pleno :-) Mas que tem sido um desafio e tanto, tem.
      Ando - um outcome positivo da pandemia - a ouvir um podcast sobre poesia que tem feito muito por mim, apesar de serem por lá poucos o spoemas que realmente me atacam. Chama-se "O poema ensina a cair", da Raquel Marinho. Recomendo vivamente!
      E, Cláudia querida, mais uma vez, muito obrigada por isto.
      Espero que estejas a ter uma semana feliz.

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