a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

02/04/2022

Sandes de chourição a caminho do cartão

O serviço público fechava às quatro da tarde e o meu novíssimo cartão de cidadão à espera de levantamento há imenso tempo. Desta vez consegui ficar menos horrível na fotografia, não sei como foi aquilo. Talvez a falta de nitidez da imagem, mas já lá vamos. Fiz-me pois à autoestrada com o tempo medido na cabeça. A última notificação avisando sobre o início do chamado webinar em conflito de agenda veio ao quilómetro quarenta e tal. Nos últimos anos, já muitos, os serviços que subscrevemos são objeto de avisos contra o esquecimento cada vez mais frequentes. A sua consulta é depois de amanhã. Eu sei, está na minha agenda. A sua vacina é amanhã. Eu sei, está na minha agenda. É sempre isto. Agora foi o webinar, falta um dia, falta umas horas, falta uma só hora, as notificações diziam. Talvez a memória esteja mesmo a ir para piorzinha no geral da humanidade. Independentemente, acelerei de modo a chegar à estação de serviço alguns minutos antes e claro que sem sair da lei da velocidade. No ramalzinho de desvio travei com força e fui estacionar debaixo do telheiro próprio. Dois minutos. Saí do carro para ir ao caixote do lixo a céu aberto deitar o caroço da maçã que constituiu o plano bê, já que a hora de almoço ia ser comida pelo webinar. Acho que ninguém se preocupa com a chuva se ela vier ensopar aquele lixo ao ar livre no caixote, um cabeçote é que seria melhor estar ali, mas quem sou eu. Regressei ao carro, ajeitei os vidros, meti os auriculares nos ouvidos. Outra coisa é os auriculares com marcas de esquerdo e direito impossíveis de ver nesta idade, os rapazes que os desenham percebe-se que são novíssimos. O webinar já havia começado. Quando veio a oradora espanhola com a sua apresentação que muito me interessava, o seu inglês de alta velocidade não encontrou entendimento na minha cabeça. Nem com os auriculares bem metidos eu fui lá, nem com todo o dia lindo que estava. Então chegámos ao final do tempo com uma dor aguda nos miolos picados e vontade de uma sandes de chourição e queijo na barriga. Gosto particularmente de comer sandes de chourição, mesmo que sem queijo, em estações de serviço. Mas com queijo ainda é melhor. Porém o tempo urgia e a sandes estaladiça, ah sim sim, terminou já muitos quilómetros depois por causa do horário de fecho dos serviços públicos. Cheguei a tempo, mais esta vez. O meu novo cartão é muito parecido com o antecessor mas com este a relação vai durar o dobro! Talvez até já seja uma avó de família quando ele expirar. Por isso não se perde nada a fotografia ter ficado melhorzinha. A semana acabou portanto relativamente bem. 

4 comentários:

  1. muito bom :) os meus auriculares novos já foram pensados para ultrapassar essa dificuldade porque é só abrir a caixa e cada um está do lado que deve estar. aquilo tem um íman, por isso só encaixam na posição certa dentro da caixa.

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    1. Olha quem ele é! :-)

      Eu ainda não comprei desses modernos auriculares. Tenho tantos daqueles com fios, que me parece desperdício, enfim. Coisas cá minhas.
      Boa semana, Manel :-)

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  2. Muito bom. O que importa mesmo a semana ter corrido bem!
    --
    Não há silêncio que me incomode

    Beijos. Bom Domingo.

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    1. Muito obrigada, Cidália.

      Uma ótima semana para si.
      Beijinhos.

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