a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

15/03/2014

Intervalo

O quê, as salas de cinema em Portugal tiveram uma quebra de alto lá com ela nas receitas?!

Afinal o golpe de marketing mais recente no sector, que consistiu em tornar a abrir o filme ao meio metendo-lhe nas entranhas um intervalo com imensos incentivos à compra de pipocas, bebidas, gomas e outros víveres indispensáveis à visualização de qualquer filme que se preze, que fez tornar bem claro o vá-que-ainda-tem-tempo com os minutos a descontar muito devagarinho no ecrã gigante, a ver se as três ou quatro pessoas que estão na sala correm a comprar três ou quatro baldes de pipocas que mal podem transportar a menos que tenham as mãozorras daquele jogador de basquetebol cujo nome me escapou e a mesma quantidade de bebidas, não esqueçamos que as pipocas dão uma sede tremenda, que coincidência, bebidas a cinco euros cada e não sei quê, afinal não deu em nada esse golpe de marketing?!

Este parágrafo ficou um bocado esticado, verdade, e até lhe devem faltar umas poucas de vírgulas, a razão é eu me encontrar a ouvir a Moonlight Sonata do Beethoven, isto é música que me faz esquecer muita coisa e se não me ponho a pau, varre-se-me o que ia a dizer.

O que eu ia a dizer é que se as salas de cinema promovem o consumo de alguidares de pipocas, bebidas, gomas e companhia com tanto empenho, até retomaram da tradição anterior a existência de intervalo, como penso já ter referido alguns acordes desta sonata atrás, se as salas de cinema promovem isto que normalmente evolui para um sentimento de bem estar tão completo que os espectadores se agarram ao telemóvel em sessão contínua de chat enquanto mastigam como se estivessem em casa, se é assim, se as salas de cinema é isto que fazem, então não deviam chamar-se salas de cinema.

Ora experimentem lá, senhores do mundo cinematográfico, chamar os bois pelos nomes que é o mesmo que dizer chamar a estas salas restaurantes de degustação de pipocas em quantidades altamente nutritivas (até podemos pôr aqui gourmet que fica a matar), pipocas em quantidades gourmet altamente nutritivas, aumentem-lhes a variedade, deixem as luzes acesas para que o chat saia com mais afinco e sem esforço ocular por parte dos estimados clientes que, entre duas mensagens e duas trincadelas de pipoca com pepitas de morango, ora cá vai uma ideia, pepitas de morango, possam dar uma olhadela ao filmezito que passa no ecrã e os senhores já não precisam de se preocupar com o intervalo.

Aposto que as receitas aumentam logo.

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