a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

05/06/2017

A terra também cresceu (mas foi de propósito)

É por estas e por outras que as minhas irmãs e outras pessoas de bem não gostam de mim (mas no blogue ainda se aguenta).

Hoje não saí de junto do cato suculento, pode ser Catus Suculentus Citrinus, o Citrinus já se vai ver, não saí de junto dele todo o dia.

Tinha transplantado o Catus Citrinus (primeiro e último nome) há tempos, na verdade há dois meses, que era abril a começar, até fiz para aí um post em que by the way expliquei a plantação, transplantação, deste e do outro, são dois, mas só a este demos agora nome, o by the way como se fosse pouco plantar dois catinhos e não é. Eu sofro de amor agudo por catos e outras produções naturais. É tudo tão lindo. Até a minha filha pequenina, pelos quatro anos de idade, não me esquecerei, disse uma vez à beira da Marginal que liga Lisboa a Cascais no sentido contrário, eram umas sete da manhã e a praia cheia de gaivotas no chão da maré baixa, pensativas, o céu cor de rosa e eu a conduzir as duas filhas com sono para a escola, mas "meninas, olhem que lindo" e ela "mãe tu achas tudo lindo". Estava, e estou, ciente de que um cato não é planta que deva muito ao dinamismo da mudança, mas sim à resistência-a-adversidades, característica pela qual trouxe os dois exemplares para a casa da serra, que está mais desabitada do que habitada, as hortenses faleceram, os coentros evaporaram-se junto com a salsa, ficou o plástico do vaso a dar sopa, a batata doce não deu nem isso, é a vez dos catos mostrarem a fibra de que são feitos.

E então ontem, ao chegar ao terraço que lhes serve, aos catos, de morada, tinha-me o Catus Citrinus esta surpresa: um ramo de flores laranja (é agora que se vê) tão lindo quanto isto.

Mas só agora me ocorreu: e para que quero eu um blogue?

Para mostrar o antes


e o depois.

32 comentários:

  1. :)))))

    que maravilha! vou já fotografar os meus :b

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Uf! E que pilão de respeito!
      Mas deve ser uma pilona, porque está cheia de crias... não?

      :-)

      Eliminar
    2. isso, pois.
      :-)

      (mas parece grande, na foto)

      Eliminar
  2. :) e está mesmo com uma flor linda :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá redonda :-)
      E tem pétalas que são de borracha, ao toque.

      Eliminar
  3. Lindo mesmo, Susana, mostrando toda a sua valentia esse Catus Citrinus, sem essa frescura de falecimento não e ainda oferecendo essa beleza de vida;

    "e para que quero eu um blogue?"
    Para além de podermos ver contigo este antes e depois, também nos dás a oportunidade de não gostarmos de ti (estás enganada, nem no blog se aguenta...) ;-)

    Até já, querida Susana!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Ó Cláudia, se um dia calha tu fazeres um blogue, a internet há de entupir.

      (e depois a ver o que é não se aguenta...) :-)

      Eliminar
  4. Gosto destas situações do Antes e do Depois. E o cato está todo catita. :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. O cato catita parece um título daquelas histórias infantis que a gente lia antes de haver internet, muito antes.
      :-)

      Eliminar
  5. ai, Suzy 3, mas então não se trata de uma suculenta?
    hum! :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. sim, sim, é uma suculenta, mas quando a trouxe para casa julguei-a um cato (um cato macio, mas ainda assim um cato). por isso é que continuo nesta teimosia) :-)
      (e as suculentas, soube hoje, são aparentadas dos catos, as malucas :-))

      Eliminar
  6. Não gosto muito de cactos mas tenho alguns por serem resistentes e haver em minha casa lugares que só eles aguentam. Que, floridos, são outra coisa. À picante espessura do resto opõem as flores o seu jeitinho delicado e sedoso. É coisa que não se explica. Mas é assim, quanto mais espinhudo, mais sedosa a floração. Coisas.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Tive uma vizinha, na minha infância, que era médica e que tinha uma coleção de cactos imensa na varanda. Às vezes saía do hospital a correr, a meio da tarde ou da manhã, para vir ver uma flor de um cacto que ela lá sabia, abrir. Ao que parece eram flores que duravam apenas umas horas.
      Eu achava isto maravilhoso.
      :-)

      Eliminar
  7. Contrastes maravilhosos (o árido e o suculento), como na própria vida.
    ~CC~

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. E o tanto que podemos aprender nestes contrastes maravilhosos que a vida nos mostra.

      Um abraço apertado, CC.

      Eliminar
  8. Tenho um igual, também cheio de flor.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá ana, bem vinda! :-)

      E também será cor de laranja?... (comecei a interessar-me por estas suculentas)

      Eliminar
  9. Pelo menos mostras plantas. Eu, e o meu humor bipolar, nem isso conseguimos. Odeio os blogues, odeio as palavras, odeio.

    Tenho de trabalhar menos. Um pouco de ócio a mais e isto passa-me.

    É sempre assim. Acredita. :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. E tu, Diogo, mostras talento para a escrita e uma generosidade e sinceridade raras.

      (acho que todos temos fases de odiar blogues e palavras e outras coisas :-) e depois é como dizes, passa)

      Bom ócio - quem sabe compras uma planta e cuidas dela. :-)

      Eliminar
  10. Trabalhar muito, em mim, provoca várias disfunções. Quando não tenho uma boa quantidade e qualidade de ócio, transformo-me negativamente. Nem consigo visionar versos para a minha poesia. É um desastre.

    Mais: eu contribuo para o sistema (embora não viva muito de acordo e no sistema), mas se pensar seriamente sobre o sistema, chego a conclusão de que odeio o sistema mais do que blogues ou palavras. :)

    Creio que não se trata, mesmo, de um aspecto de circunstância: é a vida toda lançada nestas decisões.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Trabalhar demais retira pelo menos uma parte do sentido da vida.
      É preciso não deixar que passe de "um período" para "uma permanência".

      Bom descanso, Diogo. Bom domingo. :-)

      Eliminar
  11. Hoje não fui trabalhar. Consegui fazer um poema. Está já online.

    Bom Domingo para ti também.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Ó Diogo, o teu poema fugiu.

      Fui lá hoje de manhã para o ler outra vez (eu e os poemas não costuma ser à primeira) e pensei que ele tivesse ido à Feira do Livro... mas como tornei a ir agora e ele ainda não voltou...

      (ou será que mudou de blogue?) :-)

      Uma boa semana, Diogo. Escreve mais.

      Eliminar
    2. Foi à Feira dar autógrafos enquanto masca chiclets.
      Vou para a minha Clara Bow tentar fazer alguma coisa.
      Fartíssimo de falar dos outros/das actualidades.
      Vou esconder-me mais um pouco.

      Boa semana, Susana.

      Eliminar
    3. Então está bem. Quando quiseres mostrar mais poemas, diz.
      Gostava de ler aquele outra vez, achei-o com um brilho bonito.
      :-)

      Eliminar
    4. Mas eu ofereço-to! Em sinal da nossa amizade.
      e, aproveita-se
      Para decorar aqui o A Voz à Solta, qual estrela no topo da árvore de Natal. É só pedires, o poema.

      :)

      Eliminar
    5. Não sei se mereço um presente tão bonito, Diogo. Muito obrigada.

      Onde posso ir buscar o poema? (ele não está lá) ou queres pô-lo aqui para eu depois enfeitar o blogue que pelo visto é feioso, hã? :-)

      Eliminar
  12. Tonta. Não mereces... pois, decerto não mereces apenas um. Falha minha. Portanto, dois poemas que me apareceram numa história muito recente, directamente para o A Voz à Solta:

    _PRIMEIRO

    as solas dos sapatos desentendem-se
    quando
    prestes a conhecer-te
    continuo a acariciar os mortos que serão mortos

    mas a paixão procura um agora
    e canto com a brisa que vem do inesquecível
    bandarilhar teu corpo
    na minha cabeça

    a golpes de preto marfim numa pintura de Chagall
    te mereço a lâmina que sinto
    contra a vontade de ser o mesmo
    ou outro em chamas

    o poeta deseja um livro espiralado
    e os acordes entram pelo janelão
    onde cicerones ávidos de vida volteiam
    o nada ricíno palavra surreal do acto de pele

    _SEGUNDO

    se o céu alterasse o tempo dos verbos
    em que escrevo
    veríamos um moribundo barafustar
    com a morte
    lançando os braços como poeira
    enquanto te sopeso o seio

    em imagens irregulares de um oásis
    encontrado
    beberia os porquês daquele velho
    acarinharia as erupções do seu amor
    os braços no ar diziam
    já terem sido Reis, peixe que sobe o rio
    e flor de plátano que esqueceu
    a primeira aventura da queda

    e agora quem
    quem ama a morte deste líquido que jorra
    para dentro

    em desejos lupanares e sem sinal
    de um verbo?

    _(pergunta insidiosa :), mas eu adoro a forma, nada feiosa, como escreves. parece sempre que te guias por um princípio de prazer e gozo pessoal, ainda dando espaço para umas janelinhas em que entrevemos a Susana pensadora e erótica)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Gostei tanto, Diogo, muito obrigada.
      (e o blogue já ficou tão mais bonito)
      :-)

      Eliminar
    2. Agora até fiquei um pouco desajeitado, pá. Chego a casa, ligo o portátil: ronda pelos meus blogues de eleição. Eis chegado aqui. Vejo os meus versos pendurados tão esbeltos à direita; uma tira de várias viagens iniciáticas. Estão ali. Epá, muito obrigado. Enquanto assim for, há esperança. Voz aos poetas!

      (só um aparte: _Primeiro e _Segundo não são títulos específicos de cada um dos poemas. foi só uma forma de organizar)

      Se quiseres, podes dar-lhes títulos, que eu geralmente escrevo sem pensar em títulos.

      :)

      Eliminar
    3. Também os acho esbeltos, aos poemas.
      Escolher títulos para eles é uma responsabilidade acima das minhas capacidades, mas vou tentar, e vou tentar com muito gosto, Diogo. (Muito obrigada)
      Depois te direi.
      E sim, vivam os poetas. :-)

      Eliminar