a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

11/06/2017

Haviões (um post praticamente científico)

Quando deixo o blogue abandonado por uma temporada, como tem acontecido largo nesta primavera luxuriante, bem trabalhada, ele recebe muitas visitas de países longínquos e origens não decifráveis, que são tudo mentira: serão sim os robots. É uma espécie de como quando fica a casa, a real, deixada só. Ainda que de portas e janelas trancadas, a natureza começa, devagar, a entrar. Pode ser na forma de formigas, aranhas, centopeias, um rato, ou dois, uma lagartixa, diversos bichos indefinidos que serão encontrados mortos e, claro, uma data de pó. Também se pode chamar a este processo o aumento da entropia, que é de aplicação genérica e certa como a morte e os impostos e, segundo um meu cunhado, igualmente certa como as mulheres pintarem o cabelo a partir de certa idade, e a partir de outra idade pintarem-no de amarelo (ele quer dizer louro, mas percebe pouco de tons).
E há dias, levei, sob o sol da tarde, os olhos ao céu azul riscado de branco pelos aviões. Aí ocorreu-me sem querer que deviam estes – mas é – ser designados totalmente de acordo com as suas elevadas potencialidades: haviões. Com propriedade, elevando-os ainda mais a uma conjugação especial do verbo haver, em superlativo, tendo em mente a dificuldade que foi trazê-los de uma ideia muito boa para uma real e complexa, repito elevada, existência.

Andava, porém, a evitar falar nisto (apesar de o blogue entregue aos robots). Até que hoje de manhã, ao saber da última tuitada da Casa Branca, achei que, sinceramente, este post que se escondia envergonhado, tímido, quase agonizante, afinal, roça praticamente o científico. 

(na verdade, tanto disparate junto assusta bastante)

8 comentários:

  1. Creio que seria apropriado também mudar na língua portuguesa a grafia de «aspirador» para «haspirador» (o «h» aspirado seria uma alteração ortográfica inspirada, por assim dizer)... (um princípio e uma lógica semelhante ao das turbinas dos «haviões»)...

    Bom domingo, cara Susana. :-)

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    1. Eu não estava descontente com a minha ideiazinha, mas esta do haspirador, claro, é muito mais inspiradora (e inspirada) no contexto da haspiração.
      Genial, caro Xilre, como sempre.
      Uma boa semana para si :-)

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  2. Não são nada os robots. É que este navio anda a saltar de fronteira marítima em fronteira marítima!

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    1. Excelente, Capitã! Assim, fico muito mais aliviada, prefiro mil piratas mauzões a um robot metálico e sem coração.

      (quando roubamos mais um bovinozinho?)

      :-)

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  3. Aquele senhor lá das américas é doente mental. E em nada se compara o que escreve na net a este post honesto com sugestão de h (o agá tem nome brunido, sim senhor). Nada a ver.

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    1. É pelo menos muito muito pequenino no que respeita a ideias de governação, etc, esse tal senhor.
      Por exemplo, não deve conhecer essa palavra que a bea escreveu com "h".
      E obrigada, bea; de facto, felizmente, não teremos mesmo nada em comum, eu e semelhante pessoa.

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  4. com sorriso digo muito bom!
    por mim que se faça um contra acordo ortográfico já, pleno de haviões e haspiradores tal como sugerido pelo ilustre xilre.

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    1. E eu com sorriso digo muito obrigada, il!
      Por acaso pensei precisamente num novo acordo ortográfico quando escrevi o post :-)

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