a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

10/04/2020

Um post por dia até ao fim do Corona - 26

Até eu, que sou capaz de ouvir, ouvir, ouvir como não conheço ninguém (uma constatação), estou a ficar enjoada com isto de, uma pessoa após outra, após outra, após outra, virem à televisão dizer o mesmíssimo. Já toda a gente sabe. Para além disso, os anúncios televisivos – aos quais sim, sim, eu já conhecia o poder medonho de cansarem muito - esses, os que foram feitos bem novinhos para dar resposta à nova situação, passam vezes sem conta: sobem o potencial para ainda mais insuportáveis. Diria mesmo capazes, caso a oportunidade tivesse lugar, de me levar à loucura.

É, portanto, maravilhoso constatar que tantos anos, décadas, sem praticamente ver televisão me suprimiram nada, zero. Maravilhoso.


















Dom-fafes. Da esquerda para a direita: fêmea, macho. (por falar em maravilhoso)

11 comentários:

  1. A ambição de cada vez mais terem a primazia das audiências leva a que os exageros sejam notados. Agora todos os canais de tv, sejam ou não por cabo, desde que afectos a noticias, falam a mesma língua. Covid-19. Claro que é importante mas horas e horas e horas e horas a falar do mesmo é autêntico... massacre físico e intelectual.

    Uma Páscoa feliz
    (Dentro dos condicionalismos existentes)

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    1. A nossa sorte é podermos desligar a televisão e ir fazer qualquer outra coisa mais adequada à nossa vontade.
      Boa semana, Ricardo.

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  2. Males que por bem vêm: acabou-se o espectáculo deprimente das tardes de fim de semana nos canais generalistas-TDT. Ligue ligue ligue, ganhe o Mercedes!!!

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    1. Ah! Eu gostava de saber de alguém que tenha ganho um carro dessa maneira... (será que é mesmo a sério?)
      Olá Diogo :-)

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  3. Uma publicação Divina!
    -
    "Neste tempo que nos resta..." | Uma Santa Páscoa| .O tempo pode ser curto e o amanhã já ser tarde. A Páscoa continua, as vidas não. Por isso, façamos do nosso próprio lar o imaginário da família em volta da mesa. A praia que gostaríamos de visitar... O parque florido iluminado pelos raios de sol... Façamos a nossa obrigação. Ficar em casa, porque do nosso lar iluminado podemos sempre falar com quem está longe, ou mesmo ali ao lado... PÁSCOA FELIZ.

    Beijo e abraço, virtualmente carinhoso.

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  4. Sei perfeitamente que não é o teu caso, sei perfeitamente, quero apenas contar-te que o meu lado mais irritadiço, vou dizer assim, costuma ficar... e já se manifestou com pujança, quando ouviu certos, "Não vejo televisão", "Não se aprende nada com a televisão", "Uma perda de tempo a televisão", e outros etc dentro do mesmo género, e nem estavam a dizer-me a mim. Sabes por que me irrita, na maioria das vezes? Porque, a maioria das vezes, é dito como que reivindicando uma superioridade intelectual em relação às pessoas que vêem televisão, e gostam, depois, não é verdade que não se aprenda nada a ver televisão, a televisão tem uma diversidade enorme, e, quando se está verdadeiramente disposto a aprender, aprende-se com tudo, até com uma telenovela, aliás, os brasileiros sabem isso há muito tempo, e, para além da mocinha pobre que casa com o mocinho montado na grana, e isto até já sou eu a ser injusta, aproveitam para, sem julgamentos nem imposições, tentar derrubar imensos preconceitos e informar, sim, informar, alertando para importantes questões sociais e políticas, até numa telenovela, por saberem que é vista por milhões de pessoas, e isto é só um exemplo do que se faz, há muito tempo, até num produto que intelectual, que se preze, "tem" de considerar menor. Depois, a televisão, continua a ser, para muita gente, uma das únicas janelas para o mundo, sim, a Internet, parecendo que não, ainda é privilégio só de alguns, aliás, até a própria televisão, em muitos casos e lugares do mundo, já nem falo de toda uma quantidade de outras coisas. Para além de que, é a companhia de muita gente que vive sozinha, e que, muitas vezes, por diversos motivos, com vírus ou sem vírus, por dificuldades de locomoção e muitas outras, se não fossem as pessoas que falam na televisão, não ouviriam outras pessoas falar, porque, sim, é muito giro cantar "Eu não sou audiência para a solidão", mas é quando podemos andar, numa boa, por aí. E, não, não trabalho em televisão, mas sempre vi, como vejo muitas outras coisas, e, sim, também já aprendi muita coisa, de valor, mas mesmo muita coisa, a ver televisão, e, às vezes, também me apetece estar ali assim, só a vegetar, sem querer fazer nem aprender nadinha.

    Desculpa, Susana, isto não é nada contigo, nem com ninguém que apenas não goste de televisão, ponto, sem nada daquela parte, que, eu, arrogantemente, acho uma arrogância palerma, mas, precisamente, como contigo sei que posso partilhar, mesmo irritações de estimação, sem problemas, aqui fica :-).
    E que esse bolo saia, gostoso, gostoso :-)

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    1. Hum... olha que não sei se não será o meu caso, Cláudia. A verdade é que considero muito do que passa na televisão (ou que penso que passa) altamente vazio e de vez em quando histérico. Mas "muito do que" não é "tudo", evidentemente.
      Lembro-me de ter ficado horrorizada quando, há muitos anos, a televisão começou a passar um programa chamado "Big Brother". Quando percebi de que se tratava, senti-me ofendida, chocada, envergonhada. E quando percebi que a ideia não tinha sido original de cá, que tinha sido importada, ainda mais envergonhada me senti. Como era possível alguém copiar aquela merda? (desculpa). Parecia-ma uma ofensa aos telespetadores! (mas depois percebi que muita gente via o programa e gostava)
      Por essa altura, eu via um programa de que gostava muito, a Noite da Má Língua. Era com o Miguel Esteves Cardoso, a Júlia Pinheiro (moderadora), a Rita Blanco, de quem sou fã, e mais algumas pessoas. Mas depois isso acabou e pareceu-me que a televisão foi invadida por tralha do tipo Big Brother e concursos com o João Baião aos saltos. Isto são exemplos antigos, mas que foram marcantes para me porem longe de televisões acesas. Na verdade, também detesto a moda de os restaurantes e cafés nos dias de hoje pendurarem ecrãs nas paredes, aquele barulho constante incomoda-me muito. Se puder, vou a um restaurante sem televisão pendurada.
      Mas olha, agora vejo imensa televisão, estou sempre a querer ver as notícias por causa do que se está a passar.
      Mas não sei, Cláudia, espero não ter arrogância quanto a isto. Na verdade, desagrada-me a importância que a televisão assume nas vidas das pessoas em geral, muitas vezes é uma presença que está ali "por defeito".
      No entanto, de vez em quando (e em tempos normais), acendo a televisão e dou uma voltinha a ver se aprendo alguma coisa. E acontece que aprendo, claro que sim. :-)

      Por fim, quero agradecer-te muito este comentário, mais este. Aprecio imenso a tua postura aqui nos blogues. Adoro que venhas aqui comentar. Vai um abraço forte (se ainda gostares de mim) e uma fatia do bolo, que não ficou tão bom como de costume por ter usado açúcar amarelo em vez de branco.

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    2. Susana, claro que gosto de ti, quer concordemos ou não, mais, entendo perfeitamente o que acabaste de escrever, e, mesmo que não entendesse, gostaria de ti na mesma :-). Tu não discutes no que discutir tem de mau sentido, nem queres ter razão, tu apenas fazes essa coisa que pode ser tão boa e que se chama conversar. Já eu, às vezes, sou uma Maria excitações.
      Nos blogues, quando escrevo, escrevo como se estivesse a falar na vida fora deles. Mas eu tenho muita sorte, sabes, é que, na vida fora dos blogs, as pessoas costumam simpatizar comigo e não se chateiam nada, mesmo quando me ponho a dizer "de minha justiça" em grandes indignações e sem açúcar nenhum, nos blogs é diferente, nos blogs podes arranjar uma data de antipatias, porque as pessoas não estão a ver-te, não sabem a forma como estás a dizer, não sabem o que presenciaste para levar-te a dizer determinadas coisas, não há um fio condutor e, na maioria das vezes, falha aquele condimento essencial, que nos faz reagir a tudo de outra maneira, que é a empatia. Contigo, sabe-se lá por que razão :-), existe essa empatia, desde que nos encontrámos, pela primeira vez, numa caixa de comentários do Xilre :-)
      Muito obrigada, por seres sempre assim como és comigo, e, como sempre, e isto é mesmo a sério, é sempre um gosto conversar contigo.

      Hum, e deixa-te de coisas, que a fatia do bolo está mesmo boa, o abraço, enfim, agora a fatia do bolo... ;-)

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  5. que lindos... eles sim, são maravilhosos.

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