a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

15/05/2021

Mas que pena, dia três

Anda por aí um livro a exibir-se pelo menos em escaparates de supermercado e livrarias online, que me perturba. Na capa, em letras suficientemente grandes para até eu ler sem dificuldade, apresenta uma frase exclamada, mentirosa e irritante que lhe serve de título. Trata-se de uma declaração no contexto dos casais quase-pais, diz: “Estamos grávidos!” Senhores editores, não. Não é estamos é estou e não é grávidos é grávida. É preciso ter cuidado, podem passar ali crianças. Um homem lá porque vai ser pai não fica grávido. Um homem quando vai ser pai fica num estado situado ao lado de uma grávida, na hipótese mais aproximada. Portanto, esse título mentiroso, possivelmente arrastado nas ondas da inclusão emitidas sem antes alguém pensar com o cérebro, esse título que pode induzir crianças pequenas e outras pessoas desprevenidas em erro devia ser substituído pela verdade. Por exemplo: “Estamos num caso grávida e no outro ao lado dela, ambos num entusiasmo igualmente intenso porque vamos ser mãe e pai, respetivamente.” Assim sim. Até eu ia a correr comprar um exemplar só pelo gosto de ver um português honesto. Um bocado comprido, mas honesto.

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