a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

02/06/2021

Avelã ao cubo

Mal me apercebi que era o dia das crianças - já a tarde ia apuradinha - aproveitei o facto de ainda ter uma filha em casa, à mão de semear, e combinei com ela levar as nossas crianças interiores (c' amoor) a jantar fora. Escolhemos o Cantinho do Avilez e sentámo-nos na esplanada. Encomendámos a sangria branca e duas entradas, peixinhos da horta e queijo com chutney de tomate. Este post parece um menu mas não é, uma vez que não há aqui nenhum quê erre código para fotografar com o telefone nem uma azeitona recheada em cama de alface, por isso adiante. A Saminhas comeu a salada de quinoa e eu uma massa com camarão e manjericão, que estão aqui estão a querer rimar com também pedimos pão. Vento não havia, nem aragem corria (outra vez?!). A correr passou mas foi um grupo de pessoas e mais tarde outro de bicicleta. A noite vinha caindo com preguiça como se estivesse sólida, colada ao teleférico parado ali tudo. As nuvens que tinham vindo passar o dia ao céu local já haviam ido pairar para a outra banda ou para outras bandas, isso não poderei precisar. A minha atenção neste ponto estava detida no absorver da sobremesa de avelã ao cubo (a-ve-lã e-le-va-da a três), primeiro comecei eu a engoli-la a ela e no fim ia sendo ao contrário se eu não me tivesse agarrado com força à colher. A sangria branca também estava a pedi-las, mas deixámos um fundinho no jarro não fosse o caldo entornar-se (cuidado com o cão: esta sangria é para aqueles que pedem normalmente sangria e para aqueles que – como eu – dizem que nunca bebem sangria, nem pensar, só vinho e outras bebidas igualmente autênticas, hã?). Estou a falar a sério.

4 comentários:

  1. A sobremesa sim, parece espantosa:) O resto acho que faço em casa, se calhar sem tanta mestria e requinte, mas estas coisas também valem por alguém as fazer para nós e num espaço pouco habitual...essa parte também me apetece muitas vezes, mesmo engolindo um ou outro "sapinho".
    ~CC~

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    1. A sobremesa é mesmo espantosa. Recomendo!
      É mesmo isso, CC - estas coisas valem por alguém as fazer por nós. E nem foi preciso engolir sapo nenhum :-) eram só mesmo "ginjas". :-)

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  2. Vinha aqui a escorregar pelo teu post, embalada pelo menu que não é, e apeteceu-me dizer-te, que sorte a valer, isso de não nos falecer a criança interior. É verdade que até ficamos com uma certa vergonha de dizer "criança interior", parece coisa tonta, mas se traduzirmos como um potencial para o encantamento sempre à espreita, uma esperança, às vezes uma alegria que até parece que nos faz voar um bocadinho, assim a parecer que os pés se levantam um pouco do chão, e, isto apesar de todos os desafios, de todos os pesos pesados que a vida a acontecer tantas vezes traz, mas que bom podermos despir o fato-macaco da responsabilidade e da seriedade e de tudo o que ser adulto também exige nas alturas em que não é preciso estar-se tão concentrada em ser-se tão completamente adulta, e, ela continuar lá, a meter-se connosco: "Bora brincar?". E uma pessoa a desejar que o cinismo nunca apareça em dose mortífera.

    Ainda bem que decidiste levar essa criança a passear pelas maravilhas dos adultos, o melhor de dois mundos, portanto. Bora brindar, Susana?

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  3. Brindemos pois! (ai pá aquela sangria... e eu sempre a dizer mal de sangrias...)
    É tudo isso tal como descreves, Cláudia, e ainda reforçado pelo facto de não ir a um restaurante desde setembro e mesmo essa vez foi cheia de máscaras e cenas sufocantes, caramba, estamos todos fartos disto!
    (por vezes há que refrear esta criança interior em certas situações sabes?... hum, cheira-me que sabes)
    :-)

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