a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

06/05/2023

Verde pistachio

De cabelo grisalho, ténis, meias e saia curta, a mulher sentada sozinha a uma mesa escrevia num caderno. À sua frente não se vê um jantar, apenas um copo de vinho tinto. A caneta com que escreve, de um verde pistachio, lembra a lapiseira de modelo famoso da Caran d'Ache. Esteve o tempo todo a escrever, só ficava suspensa, em pausa, quando o fadista cantava.
Tive muita curiosidade ali, toda a noite, na mesa ao lado, mas em vez de lhe fazer perguntas perturbando a sua escrita, fiquei somente a ouvir as intensas canções de Coimbra, todas tão bonitas.

2 comentários:

  1. A afeição à Caran d'Ache, passou-ma meu pai, que -- por acaso -- também gostava do fado de Coimbra. Ambos -- o modelo da lapiseira, o dito fado -- são intemporais, entendo agora. Neste tempo de acrescida volatilidade, talvez o invariável tenha ganho valor inestimável. Talvez precisemos, na verdade, destes vetores próprios da vida, para nos aguentarmos nas rotações da existência.

    Creio que apesar do avançado já do mês, ainda irei a tempo de desejar um bom maio, cara Susana.

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    1. Querido xilre, nunca é tarde para desejar um bom mês, especialmente este, tão bonito e com tão belas flores e frutos!
      Eu gosto imenso daquele modelo da Caran d'Ache, o 849, é mesmo lindo. :-)
      Um beijinho, xilre.

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