a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

18/12/2018

Nao pizar

Este post continua do anterior, para variar. 
Quando cheguei a casa, depois do dia de trabalho todo longo seguinte, e ainda antes de remover o casaco que descobri ser demasiado pesado para o promover a perfeito, ainda antes de o remover e aos sapatos, abro a porta da casa de banho (afinal casa de banho é sem tracinhos, felizmente) a ver a evolução dos trabalhos feitos por Vladimir. Logo junto à porta, do lado de dentro, no chão, colado com fita adesiva, está um bocado de cartão que antes houvera embrulhado os ladrilhos e que tem a inscrição “Nao pisar” com a inscrição “Nao pizar” sobreposta à primeira, sobreposição esta que resulta no facto de a letra Z estar desenhada com veemência e muito mais gorda que as outras, por sobre o S, não sei se me faço entender. Também se pode ver uma seta bem marcada a apontar para dentro da casa de banho (o trabalho que os tracinhos davam). Mas então, fico toda com os pés fora do local proibido por Vladimir, ou seja não me mexo dali do lado de fora da, se fosse no Brasil seria banheiro, mas aqui temos é casa de banho, e não me mexo para garantir a manutenção das condições que ele lá deixou, no seu chão. Nosso. Quer dizer, meu.

Na manhã seguinte, às oito e vinte e oito, é mesmo às oito e vinte e oito, não falha, está o fenómeno já sendo um caso de estudo cá em casa, Vladimir toca a campainha e eu abro, visto já me encontrar praticamente com a mão na maçaneta da porta àquela hora. Minuto. Àquele minuto.
- Bom dia, Sr. Vladimir! 
- Bom dia, bom dia. 
- Não pisámos o chão, vimos a sua mensagem.
Vladimir estaca, pensativo.
- Ah, sim. Obrigado... Mas eu penso depois que “pizar” não está bom, que pisar pode ser escreve com S. Minha cabeça, eu não sabia, mas penso com S, depois penso. Desculpa.
- Tem razão, pisar é com S. Mas nós percebemos, não se preocupe.

Mas não lhe disse que “Nao” leva til. Porém penso que devia, não devia?

4 comentários:


  1. Essa do til... é já bem mais difícil! É que se ele "nao" consegue pronunciá-lo... como lhe vais explicar a necessidade de o colocar!??
    Ninguém disse que as diferenças culturais eram fáceis de ultrapassar... (e se alguém o disse, estava enganado!) :)))

    Beijinhos sem acentos nem tracinhos
    (^^)

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    1. Verdade, ele não pronuncia o til. Portanto do seu ponto de vista, "nao" estará bem escrito. :-)

      Beijinhos de volta, Afrodite.

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  2. Eu penso que devias porque, sendo comigo, pensaria que devia. E isto porque ele mostrou vontade de escrever sem erros.

    Bom dia, Susana ☺

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    1. Olá Gina, boa noite :-)

      Concordo, devia mesmo. Se a oportunidade surgir, digo.
      Beijos, moça.

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