a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

02/05/2020

Um post por dia até ao fim do Corona - 48

O quiosque das flores ainda está aberto e já o sol se pôs a andar há horas. Embora daqui não pareça restar nenhum dos muitos fregueses que o visitaram durante todo o dia, escolhendo cestos e ramos, arranjos e vasinhos, as luzes estão acesas. São luzes daquele tom muito branco fazendo lembrar ou uma câmara frigorífica ou um bloco operatório. Mas no quiosque a situação escapa airosamente devido ao mar de flores dispostas em redor. Nos suportes que fazem escadinha, em mesas montadas para a ocasião, como os bolos-rei no natal. Têm muitas cores, as flores, fazendo crer que não será um acaso a rima que se meteu entre estas duas palavras, flores e cores, instando-nos a recordar o ponto em que vamos no calendário. Não será para assinalar o fim do estado de emergência, mas sim o dia da mãe que entra em vigor dentro de minutos. Aliás encaixa bem o estado de emergência dar lugar ao florido dia da mãe. Os fregueses que hoje ali escolheram flores devem ter as mães dentro do mesmo concelho que eles. No meu caso, vivendo a minha mãe a uma distância que atravessa uns três concelhos inteiros, irei ao quiosque armada em freguesa, amanhã, tentar roubar uma pena ao papagaio que deve estar cansadíssimo com a agitação e portanto mais lento na defesa e, de caminho, comprarei flores. Para mim, desta vez.

4 comentários:

  1. Pois, à minha Mãe já fui porque está no concelho, à 26 anos, no seu mundo eterno!

    Hoje, nem o filho me pode visitar porque está a não sei quando concelhos daqui! Passasse! :/

    -
    Carrego no colo a saudade

    Beijo e um excelente dia para todas as Mães.🌹🌹🌹
    Fique em casa.

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    1. Talvez em breve já possa ver o seu filho, Cidália. A pouco e pouco, vamos lá.
      Um beijinho.

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  2. fiz uma coisa inédita com quase toda a família, mesmo os que estão ainda mais longe, que foi uma video-chamada e foi bom, muito bom :)

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    1. Eu também fiz essa coisa inédita, Manel! E de facto é muito bom. :-)

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