a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

18/03/2020

Um post por dia até ao fim do Corona - 3

Os meus dias de trabalho têm começado mais cedo por outras razões, que também as há. Antes de pegar ao serviço, cumpro o ritual de abrir as janelas, deixando entrar a luz e também o ar da rua. Nos últimos dias, o ar tem vindo quieto, como se estivesse oco. Envolto num silêncio espantado, o ar da rua tem entrado, ainda assim, polvilhado pelo canto primaveril de um ou dois melros inocentes. Hoje, porém, trouxe-me um presente maior. O ruído de um martelar alternado com o do manusear firme de chapas de metal e suplementado pelo rumor enérgico de uma máquina atarefada. Nos interstícios destas notas, ainda um ou outro comando de voz humana. Em suma, um agora mesmo promovido a agradável barulho de obras.


(quando nos imaginamos perante uma escada, estamos muito mais prontos a subi-la do que a descê-la)

2 comentários:

  1. É verdade (subir a escada e não descê-la). Nunca tinha pensado nisso.

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    1. Uma vez fiz a experiência: pedi a várias pessoas, em separado, para se imaginarem junto a uma escada. E depois perguntei se a escada estava posicionada para elas a subirem ou descerem. Na esmagadora maiora dos casos estava posicionada para a subirem. Engraçado, não é?
      :-)

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