a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

25/08/2020

Oldeboorn

A meio da tarde, levanto os olhos do livro e foco-os para além da janela, para os descansar. A mulher loira, do outro lado do canal, leva nos braços, empilhadas, as duas cadeiras de jardim para trás da casa. Logo depois regressa, vem buscar o vaso de flores, único acompanhante da mesinha redonda, agora que as cadeiras saíram. Fiquei à espera que ela viesse buscar também a mesinha de certeza para lugar seguro. Antes de desistir e devolver os olhos ao livro - a mesinha lá ficou, órfã, sujeita às leis da intempérie anunciada para a noite, avisto o terceiro gato do dia.

2 comentários:

  1. Por vezes olhares que imaginam uma nova estória! Adorei
    *
    Procuro a noite dentro da solidão...
    -
    Beijo e uma santa noite!

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  2. Ou que estão a contar a história que veem, também pode ser.
    Bom fim de semana, Cidália.

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