a voz à solta
30/12/2024
21/12/2024
Vinte e dois livros à data
Escrevo na agenda, nas folhas para notas, os títulos e os autores dos livros que leio. Para chegar ao final do ano e saber se ele foi bom. Os de poesia não contam, que esses nunca se acaba de ler, naturalmente.
Vinte e dois é a conta à data. Com um melhor dormir que me chegou da idade, muito Bach, a casa razoavelmente limpa, as contas em ordem, o número de contribuinte, os vizinhos mais quietinhos, e apesar do whatsapp, da via verde.
Também muitos litros de café matinal, lá isso. Na rua ainda noite, metade de mim debaixo dos cobertores, os gatos alimentados lambendo as patas.
Depois o trabalho, claro. O autocarro, aquelas pessoas na paragem. O homem negro, a mulher faladora. E, no longo curso, o comboio a levar-me dali toda com a cabeça já noutro lugar. No livro.
De sobra, o acordar acima das nuvens, os javalis à noite, os veados na brama quase ao meu lado, ou mesmo saborear o melhor entrecosto do mundo. Pelo meio fazer amigos, fazer sopa, salada, caminhadas, tricot.
Um ano com vinte e dois livros lidos é um ano mesmo muito bom.
20/12/2024
O que dizem as tuas botas?
04/12/2024
A carreira das oito
24/11/2024
Santa Comba Dão (é que este nome)
19/11/2024
E tu, também preferes o teu próprio carro?
09/11/2024
Mas depois do adeus
10/10/2024
Diferenças
04/10/2024
Felicidades velhinhas, muito grandes
28/09/2024
Os pêssegos, de Raul Brandão (a quem possa interessar)
21/09/2024
O outono deve estar a chegar
18/09/2024
As rosas (toma e vai buscar)
14/09/2024
O pior bolo de chocolate do mundo*
11/09/2024
Ó rio conta lá
10/09/2024
Uma incerteza
08/09/2024
Oh!
06/09/2024
A janela fingida
28/08/2024
Jopie Huisman 5/5
Jopie Huisman 4/5
Jopie Huisman 3/5
27/08/2024
Jopie Huisman 2/5
Jopie Huisman 1/5
Jopie Huisman
26/08/2024
Férias
18/08/2024
Isto, isto
14/08/2024
Misericórdia?
10/08/2024
Os arados
07/08/2024
Galinheiro sem galo (aparentemente)
04/08/2024
Descascar horrores também podia ser (mas é descansar)
02/08/2024
Ah, Lisboa em agosto
23/07/2024
Diz-se oiçai?
16/07/2024
Muito me conta a dieta
Um dia na serra
07/07/2024
26/06/2024
Veado ou corça
23/06/2024
Chá preto
05/06/2024
A mãe (as mães)
26/05/2024
As portas
O apartamento onde, em criança, morava com os meus pais e irmãs era servido por duas portas de entrada. Uma, a principal, dava para o hall, a outra, então chamada de serviço, dava diretamente para a cozinha.
A porta de serviço era a porta onde tocavam o padeiro, o leiteiro e alguma empregada de outro andar que vinha pedir um pé de salsa ou um ovo que lhe faltasse para o pão-de-ló. Ao domingo, também aparecia o Damásio, namorado da última empregada que tivemos. Ele vinha namorar com ela à porta (a porta ficava aberta), ou então vinha buscá-la para passear no seu dia de folga. O Damásio não tinha ordem – provavelmente nem lhe passava pela cabeça pedir – para entrar e namorar com a rapariga dentro de casa. Só me lembro dele à porta. Um dia, achando-o muito alto – eu devia ter seis anos ou sete – perguntei-lhe a idade. Ele respondeu "vinte e um ano". Assim, no singular, “ano”. Lembro-me que fiquei a pensar que não me podia esquecer de dizer “ano” quando eu própria chegasse aos vinte e um. E logo a seguir duvidei se estaria bem assim, vinte e um ano, mas ele sendo tão alto devia saber com certeza e eu ainda teria muitos anos para confirmar aquela maneira esquisita de dizer a idade. A campainha da porta da cozinha tinha um trriimmm potente e irritante, ainda por cima anunciando visitantes que não me despertavam qualquer entusiasmo ou interesse. Se acontecia o tinido estridente tocar quando eu passava perto daquela porta, não escapava a dar um salto de susto.
A porta do hall era muito melhor. Por ela chegavam os avós para jantar, os convidados para a festa de anos de alguma de nós ou, melhor ainda, para a consoada. Também o toque da campainha era muito diferente. Um harmonioso e musical, suave dlim-dlão. Por vezes, o dlim-dlão prenunciava a visita dos padrinhos da minha irmã Catarina que vinham lanchar. Tratava-se de um casal muito distinto. Estavam sempre sorridentes um para o outro, o olhar azul dela pousava no rosto gordinho dele, e era com tanta ternura que o fazia. A sua voz era baixa, falava devagar. Ela conversava comigo e com as minhas irmãs de coisas de mulheres. Eu queria sempre ouvi-la e desejava ser como ela, quando fosse grande, por exemplo aos vinte e um. A distinta senhora fazia os seus próprios casacos compridos de fazenda tão macia. Reagindo ao nosso olhar de admiração, ela estendia uma pontinha do casaco para nós podermos tocar o tecido e confirmar a suavidade. Um dia, ela trouxe-me um presente que anunciou ser adequado ao meu cabelo, ao meu tipo de cabelo. Era um pente com dentes ondulados, muito afastados, que não iriam arranhar-me a cabeça, nem puxar-me os cabelos. Eu detestava pentear-me porque o processo era sempre doloroso, e ela devia saber disso. Aquele pente parecia realmente muito melhor, ao contrário dos outros pentes horríveis. A madrinha da minha irmã Catarina ensinou-me então a utilizar apropriadamente o novo utensílio. Quando terminou, explicou-me de que modo devia colocar o cabelo na almofada quando me deitasse para dormir. Era um modo especial de manter o cabelo penteado e que tinha ainda a vantagem de evitar que se partisse. E eu então, admirada, aprendi que o cabelo, não sendo de vidro nem nada, podia partir-se.
23/05/2024
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22/05/2024
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13/05/2024
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17/04/2024
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10/04/2024
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08/03/2024
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18/02/2024
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