a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

10/09/2017

A banana não quer saco

Ontem de manhã, achando que estava puxando do cabide o par de calças velhas de ganga das que não dá para ir trabalhar mas dá para ir ao carro buscar o telemóvel que lá ficou esquecido, pôr o lixo no contentor ou ir ao supermercado do bairro, estava sim puxando o par de calças ainda mais velhas, que só dá para a parte da ida ao contentor do lixo se for de noite para o caso de surgir algum vizinho respeitoso e me ver para ali assim. As calças rasgaram com os tempos. Primeiro na coxa direita, depois na esquerda. Para andar em casa é na boa, as minhas filhas até ai mãe que giras essas calças (e são). Pelas minhas contas foram mais de sete anos a formar rasgões pacientemente trabalhados e localizados onde pertence. Mas à tarde, para o supermercado, mudei então as calças e depois fui comprar batatas, café e uma sobremesa higiénica para o jantar com a Teresa, que está em dieta e eu também devia. Na caixa de pagamento estou atrás de uma senhora que pôs em cima do tapete das compras um saco de plástico fininho e translúcido com um cacho de bananas dentro. As bananas, para começar, envelhecem mais depressa dentro do plástico, asfixiam, transpiram, elas detestam e, para continuar, constituem um fruto que vem de origem revestido de casca própria, espessa e adequada à proteção do seu molinho e delicioso interior. Digo não digo, digo não digo. Mas mesmo dentro das calças certas, eu-não-disse-nada-à-senhora.

O sal de mesa já vai surgindo com micropartículas de plástico que o mar não quer mais e devolve à gente, tomem lá; o peixe que ingerimos, micropartículas de plástico ingeriu antes de nós, e as bananas dispensam o saco. Eu devia ter dito à senhora. Ou não devia?

9 comentários:

  1. Julgo que não faz qualquer diferença que o diga ou não. O saco plástico para as bananas é apenas invólucro para o caminho:). aposto que chega a casa e as retira.
    A utilidade de ter dito seria a poupança no saco plástico. Mas nem sabemos se ela alinhava: a verdade é que as bananas ficam mais fáceis de arrumar no cesto das compras ou na bagageira do carro.
    Parece-me que, se querem reduzir os plásticos, não devem colocá-los à indiscriminada vontade do consumidor em supermercados e afins.

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    1. É que eu ando a ver como é que faço para empreender uma campanha contra o plástico que não é necessário (e mesmo o necessário...). Está-me a preocupar o mar asfixiado com plástico. A sério que está. Isso e outras coisas, mas este post era sobre isso.
      :-)
      (se calhar vou falar com os donos do supermercado)

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  2. Melhor não, e quiçá talvez ela vá reutilizar o saco, utilizando-o sempre para transportar bananas :)

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    1. Quiçá, quiçá. :-)

      Esta palavra é extraordinária, quiçá. Não parece português, mas não sei que coisa parece. Talvez chinês.
      :-)

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  3. boa noite, Susana,
    o plástico asfixia-nos a todos, á exceção dos empresários que t~em neste material modo de vida. não há reciclagem que valha, chga a um ponto em que já não é mais possível reciclá-lo e, empreender uma campanha antiplástico, é uma cruzada difícil, mas muito necessária. a precisarmos de sacos, à exceção das bananas, venham de papel (nos filmes americanos, é assim que os vemos: grandes, cheios de coisas, a fazerem-se à tela, vaidosos. e são bonitos, naquela cor castanha mel. e pronto, já disse de minha justiça, regressei às lides, e hoje é o primeiro registo que faço e logo num sítio tão jeitoso. (já li sobre o aniversário. muito baixinho, deixo os parabéns (tão atrasados, credo!!!).
    beijinhos e boa semana.

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  4. errata: onde se lê "o plástico asfixia-nos a todos, á exceção dos empresários que t~em" deve ler-se "o plástico asfixia-nos a todos, à exceção dos empresários que têm" "chega a um ponto." Peço desculpa , Susana, estou possuída pelo João Pestana.
    beijinhos

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    1. Boa noite, Mia. E obrigada pelos parabéns :-)
      Exato, de papel. OU de outro material.

      Eu ando aqui a sonhar com uma patente numa coisa dessas, mudar o mundo, desentupir o mar, um material que desse para saco de bananas, trela de levar o cão à rua e casaco para a chuva, coisa assim.
      :-) (sonhar podemos, não é?)
      Beijinhos, Mia.

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  5. Um perigo ir às compras consigo!!!!
    Mas é verdade, as minhas bananas e tenho que comer uma por dia, estão sempre ao relento:)
    ~CC~
    PS- é a 22, acho que a Ana (do blogue de dentro para fora) também.

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    1. Ah, então é no mesmo dia da ana! Mas que rica colheita a desse dia, CC.
      Bem, eu não sou assim muito muito perigosa, porque digo as coisas com jeitinho. Que é para fazerem efeito. :-)

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