a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

09/06/2018

#emboraAíchamarOVerão

Dizem as minhas filhas que para se conseguir ler estas coisas começadas no símbolo cardinal e caracterizadas pela ausência de espaços, tem de se pôr maiúsculas que ajuda e eu digo que acentos também.
Este post é de ontem mas ainda está bom. Quer dizer, ainda se aplica, que bom bom não é absolutamente o caso. Ora vejamos.

O junho, o presente junho, deve achar-se no outro hemisfério, não neste. Por exemplo olhai os jacarandás, eles veem-se em esforço de florir – veem-se e desejam-se – está na cara, tão fraco vai o evento. Já a feira do livro, por falar em evento, estava brava e agreste, ventosa e fria e isto foi na visita da semana passada quando ainda tínhamos restos de outono. Quanto ao papagaio também não é posto na rua, isto é, fora do quiosque das flores onde vive todo o ano; devido ao frio mantém-se dentro que ele é exótico ou tropical ou coisa assim, deve ter levado muitas vacinas, pelo menos verde ele é, se calhar também biológico, e com o papagaio dentro é um silêncio daqueles lados. E desconfio que a cadela que vive cá em cima anda a dar-lhe umas lições desde que cresceu, embora não tenha sido muito o crescimento que a deixou bem baixinha, mas vai que se põe a ladrar-lhe com força à janela quando ele bota o discurso, que é só um e o mesmo discurso, lá de ideias não muda o papagaio, para o bairro ouvir se quiser. De modo que também ela, a canídea, tem andado meio chocha, lá ladrar ladra, mas não é aquele vigor do estar à janela a indignar-se para o papagaio, isso não é. Eu entretanto voltei à tomada de chás para aquecer, também não escapei à intempérie. Não sei se já contei que eu gosto mesmo é de café, de chá não. Quer dizer, nem gosto nem desgosto, o chá não tem sabor, nem cor, nem ninguém diz ai que cheirinho tão bom a chá, ninguém. Tem, isso sim, mais calor que o café por ser mais crescido, deitar mais corpo. Até preferia gostar mais de chá caso em que teria o prazer prolongado, contudo não me calhou isso. Calhou-me sim querer o verão e não o ter, bem como nenhuma ideia melhor do que esta reclamação para fazer.

(atualização 10.06.2018, 21h00, na sequência do comentário da Cláudia Filipa a este post)


(dentro do nevoeiro está uma parte da serra que ardeu em junho do ano passado - que esta humidade extemporânea seja, agora, preventiva)

12 comentários:

  1. se isto fosse um pedido eu diferi-o. sendo uma reclamação junto-lhe a minha assinatura.
    bom fim de semana, Susana. Beijinhos.

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    1. Acho que já são muitas assinaturas, tenho ouvido muita gente com a mesma reclamação... (eu já sou velhinha, ao que consta, e não me lembro de um junho como este)
      Bom fim-de-semana, mia, e beijinhos de volta :-)

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  2. Lembrei-me de algo que vi hoje escrito numa das redes sociais, era algo do género:
    Portugal é um país com um clima tão bom que o inverno vem cá passar o verão.

    :)

    Ainda assim: bom fim de semana, Susana.

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  3. Ah, mas essa é uma piada muito boa!! :-)

    Mas olha, o nosso clima não é assim tão bom, quanto a mim: é demasiado ventoso.

    Bom fim-de-semana, Gina :-)

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  4. Um Verão cheio de frescuras, este, metafórica e literalmente!

    Beijinhos, Susana :)

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    1. E que seja um verão livre de incêndios, pelo menos isso sim!
      Beijinhos, querida Maria Eu :-)

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  5. Olha, mas foi uma boa ideia, podemos conversar sobre o tempo, e também sobre café e chá.
    Desculpa não contribuir para "chamar o verão", mas este ano estou a gostar do tempo como tem estado, deu-me para andar "caída em amor" pelo tempo instável, mais propriamente pela chuva (lembras-te? O que eu adorei esta tua tradução).
    O ano passado enjoei-me daquele verão que nunca mais acabava e que foi mau demais, acho que é isso, eu e o verão estamos a dar um tempo, ainda não tenho saudades nenhumas. Agora repara bem na ironia, (foi, certamente, o sol zangado por este meu estado com o tempo sem ele), a semana passada apanhei um escaldão, almocei numa esplanada com o mar ao pé, na nossa vizinha Espanha, e, sem dar por isso, fiquei com o nariz e o braço direito cor-de-rosa, depois fartei-me de rir, feita inconsciente que isto é um perigo, mas parecia mesmo o Anacleto, um palhacinho que tive quando era criança.
    Café, adoro café, é o meu combustível, sou feliz com uma caneca de café, tal qual como o faziam a minha avó e as irmãs. O nosso café fortíssimo em chávena pequena, aquele que nos oferece o ritual de "ir ao café", e que é O café por excelência, esse é, para mim, uma espécie de comprimido energético, mas não me dá o mesmo prazer, gosto do prazer prolongado de uma caneca de café, no ponto certo, nem fraco, nem forte demais.
    Já o chá, o chá apazigua, e está associado à cura de todas as maleitas, repara que há sempre um chá para atenuar ou resolver um problema orgânico, tipo poção mágica (e alguns cheiram muito bem). É uma bebida mais delicada, mais suave que o café, também está associado à elegância de um determinado ritual, que requer alguma sofisticação, daí a expressão "falta de chá", que, como podemos constatar, vale o que vale, cá estás tu, Susana, uma não adepta de chá, que não padece, nem um pouco, do mal de "falta de chá". Mas, parar e beber um chá, com calma, apenas concentrada naquele momento, só tu e o chá, olha, faz mesmo bem.

    E claro que este comentário todo é porque do verão não, ainda não sinto saudades, mas de conversar contigo já estava a sentir. :-)

    Ps: Também achei mesmo gira a piada que a Gina descobriu.

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    1. (venho responder-te mais tarde, Cláudia, por agora fica o post atualizado por causa de ti)

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    2. Oh, Susana! Atualizaste o post por minha causa com aquela fotografia tão bonita e tudo? Olha, não precisas de responder, já estou aqui toda sem jeito, deixa assim, está bem?

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    3. Mas é claro que te respondo, Cláudia! E começando por te agradecer tão bonito comentário, que me fez logo ir fotografar o nevoeiro a título de me juntar a ti no desejo de um verão diferente este ano. Gostei muito da tua postura, obrigada.
      "Caída em amor", quando li no teu comentário, pensei cá para mim muito depressa (os pensamentos são rápidos, não é?), olha, eu também digo assim às vezes - mas não me lembrava de já o ter escrito. Boa memória, Cláudia :-)
      Sim, o chá, eu sei. Na verdade, o chá sabe-me muito bem quando a companhia é tão boa como se fosse café a bebida (ou um copo de vinho, ou uma cerveja, adoro cerveja no verão), entendes, eu sei que entendes, e isso é que importa, afinal.
      Agora descobri uma espécie de cappuccino e então faço isso de "só eu e o chá" mas com cappuccino. :-) Cai tão bem!
      E como estamos a uma semana dele, desejo-te um bom verão, Cláudia, a ti e a todos nós.

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  6. A partir de Quarta Susana virá mas não sei por quanto tempo. Compreendo a Cláudia, mas adoro vestir um vestido, calçar umas sandálias e não pensar em mais nada. E gosto tanto de chá que quando não o bebo quente bebo-o com uma pedrinha de gelo.
    ~CC~
    ~CC~

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    1. A ver se é Quarta, o dia em que nasceu o nosso Pessoa. Por enquanto ainda, como diz a Gina, coisum. :-)

      Um abraço caloroso, CC.

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