a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

17/08/2018

Sai um cappuccino(zinho)

Creio que apenas uma vez, ou talvez duas, estive num café Starbucks e não por escolha própria, mas por sugestão alheia. Já sei que não me adequo a cadeias de produtos americanos, com muito plástico e papel, barulhentos e que aparecem nos filmes (julgo). Mas quando soube do atraso do meu voo, decidi tomar o tempo e enchê-lo com um cappuccino na cafetaria do primeiro andar do aeroporto já minha conhecida, sossegada, sempre com pouca atividade. Porém, ao assomar a esse tal primeiro andar, indo a subir linearmente na escada rolante agarrada à minha mala azul, vejo que a cafetaria pequena tinha sido substituída por duas enormes cadeiras de massagem que você-não-pode-perder ou lá o que é, das quais eu fujo de entrar não vá de repente a massagem ser mesmo boa de verdade e eu me catapultar para o espaço, perder o voo, por muito atrasado que esteja e tal e tal. E a seguir a este ponto final dizemos que por detrás desse lugar da desaparecida cafetaria toda jeitosinha, está um suntuoso espaço muito bem decorado a paredes pretas e sofás em castanhos vários e mesas próprias, umas redondas outras não, denominado Starbucks. Sim senhor. Hesitei primeiro, claro, mas logo pensei oh, vamos lá abrir a mente a um novo conceito de consumir plástico e papel num produto americano em ambiente barulhento, já que tenho de preencher o atraso do meu voo e já vejo que há tomadas elétricas junto às mesas próprias, podem dar jeito. Suntuoso soa tão fraquinho sem o “m” e o “p” removidos pelo chato do acordo ortográfico, mas por ora fica. Então entrei e pedi um cappuccino na caixa do pré-pagamento. Recebi logo em troca uma enxurrada de perguntas sobre as possíveis variedades do referido cappuccino, uma delas era o tamanho, a outra ainda estou para saber qual era, nem a repetição me esclareceu. Pedi normal e pequeno, ok, pode ser? Podia, mas foi preciso dizer o meu nome. O meu nome?! O meu nome! Disse-o devagar e bem articulado. Eles ali escrevem o nome das pessoas nos copos de papel para depois as chamarem em alta voz quando a bebida estiver pronta, como se aquilo demorasse séculos a preparar, a bebidinha de nada, é que não estamos a falar de uma costeleta de novilho bem passada, ou de um belo bacalhau espiritual, não estamos a falar de um linguado au meunier, não estamos, o que estamos é a falar de um cappuccinozinho pequeno e normal, ponto. Portanto é um marketing todo ali especial e suntuoso (preciso de me habituar a esta palavra). Argh. Odiei ouvir o meu nome desbravado assim à larga por cima de um espaço tão… grande. E mal escrito que ficou. A comunicação com o empregado não foi das boas. Eu fiquei Suzanna. Ele não sei. Não perguntei.

10 comentários:

  1. Nos bons tempos em que só havia Starbucks no estrangeiro, lá muito longe, eu divertia-me a dar palavrões cabeludos quando me perguntavam o nome. Tinha uma certa piada quando o empregado chamava por mim...

    (não era bonito, bem sei, mas que quer? uma pessoa está ali sozinha, desamparada, num estrangeiro muito longe de casa e tem que se entreter com alguma coisa...)

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    1. Oh... que ideia tão... doida. Eu nunca me lembraria de tal coisa, mas digamos que sei bem o que é isso de termos de nos entreter com alguma coisa quando andamos pelo mundo sozinhos, seja longe ou perto de casa.

      (então e nos dias de hoje, assim estando já mais crescido, que nome é que lhes dá para eles porem no copo, hein? ou já não frequenta o Starbucks?...)

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    2. Ora, agora tenho outra maturidade, não frequento o estabelecimento...

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  2. Assim que abriu o primeiro no Chiado, já lá vão uns anos, tive que lá ir com a minha filha que na altura via a Foxlife de fio a pavio e consta que esses ditos cafés entravam em quase todos os filmes e séries. Foi desilusão à primeira. Muito marketing, pouca fruta:)
    ~CC~

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    1. É, a nossa cultura nas recentes gerações tem uma brutal influência americana, por via da televisão e dos Starbucks ou MacDonald's, que ainda é mais nocivo.

      Acho que é uma pena que assim seja.

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  3. Realmente é mais um caso de Marketing de sucesso, que outra coisa. Quando o pessoal ia a Lisboa (eu sou do Algarve), dizia aiiii tenho de ir ao Starbucks e metiam selfies com o raio do copo, como se aquilo fizesse parte de um status quo qualquer... Eu só entrei uma vez, olhei para os preços e fugi para o café mais próximo.

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    1. E ficou mais bem servida, suponho :-)

      Olá Feelix, bem-vinda!

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    2. Sim nada como uma bela bica!
      Obrigada pela simpática recepção :*

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    3. Ora essa, Feelix.

      Beijo de volta :-)

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