Fui tomar café a um postigo, como é evidente, que hoje já se podia. Tomar café e comprar livros, mas começar comecei pelo café. Quando lá cheguei, pedi um ao postigo. É uma nova espécie de café. Há o curto, o cheio, o escaldado, o pingado, o com cheirinho e a italiana também há. Agora acrescenta-se o tipo ao postigo. Mas disseram-me que em princípio não podiam, que não tinham a certeza se eram um postigo. Porquê, perguntei eu toda achando que sabia. Porque nós não estamos na rua, estamos num centro comercial, disse a senhora lá de dentro do balcão. Ah, então um postigo presume-se que abre para a rua, o ar livre, suponho, emiti em voz alta. No entanto, devem ter visto o meu ar mascarado e esfomeado por um café-café e sim senhor, arriscaram dar-me um. Um que veio servido em copo descartável de papel com tampinha de plástico excentricamente furada. Um furo ovalizado ao baixo pelo qual se pode beber a iguaria. E depois disseram-me que tinha de ir para a rua. Pela primeira vez na vida fui mandada para a rua, se bem que com pouca veemência, portanto não deve contar. Ao chegar a ela, encontrei o sol inteiro para me consolar. Mas aí lembrei-me que umas centenas de passos depois podia beber o querido café em casa e sermos felizes para sempre. Fizemo-nos, então, ao caminho. Enchi-me de cuidados para não respingar nem um átomo da preciosidade através do furo excêntrico e ovalizado ao baixo. Ao cruzar a rua, escondi muito bem o copo de papel descartável com as mãos postas de certa maneira, mantendo-o longe de olhares sabe-se lá quão cobiçosos, os parvos. Era o que mais faltava, fossem lá ao postigo mais ou menos como eu fui. O café é meu. Era. Foi.
Quando as pessoas namoravam ao postigo provavelmente também iriam sôfregas por aquele momento tal como vamos nós agora saudosos e também sôfregos por um café do café. Também fui a um postigo, tinha janela para a rua e uma mesa em frente à janela para poisarmos a chávena enquanto fazíamos a transação comercial e não só, podíamos ficar se não aparecesse, entretanto, mais alguém, mas os pretendentes ao café do café, todos saudosos está visto, eram tantos, que o postigo tinha de ser rapidamente abandonado para a pessoa seguinte poder satisfazer o seu desejo. Acho que o café do café vai ficar cá um convencido!
ResponderEliminarBoa noite, Susana :-)
*também servido em copo descartável não em chávena :-)
EliminarQue bem te deve ter sabido esse café, que até o copo de papel foi naturalmente promovido a chávena!
EliminarEu estou desejando poder ir ver a praia onde passei férias na juventude, estou quase obcecada por essa escapadela, ufa.
Que tenhas uma continuação de semana muito boa, Cláudia :-)
Ontem também fui beber um café ao postigo. Uma mesa a servir de barreira e o café bebido na rua, ao sol. Soube-me tão bem.Tinha tantas saudades do café de rua.
ResponderEliminarÉ como diz a Cláudia, o café até vai ficar todo convencido!
EliminarO valor que agora lhe damos e que não nos parece nada inflacionado :-)
Boa tarde. Eu fui hoje.
ResponderEliminarNa verdade nunca me falta o café em casa. Mas já tinha saudades de tomar no "postigo" :))
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Vaguear de espírito livre, e sozinho
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Beijo, e um excelente dia :)
No fundo, somos todos parecidos. Corremos para aquilo que mais desejamos :-)
ResponderEliminarUm beijinho, Cidália.