a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

14/05/2021

Quarentona, dia dois

Ia-me esquecendo de entregar a declaração do IVA, mas ainda fui a tempo, um alívio. Lá me safei de pagar multa, que isso eles não falham, são uns queridos. Uma vez tresmalhei-me sem querer e esqueci-me do prazo, coitadinho. Quando bati com a mão na testa e fui a correr pagar o imposto devido já era uns diazitos depois. Evidente que o castigo estava bom, obrigada, educadamente à minha espera na forma de um acréscimo adorável a título de multa. Impossível não achar esta dicotomia muito fofa. Por um lado, uma pessoa tem de entregar ao estado com e maiúsculo, os impostos tudo certinho, é para isso que servem os prazos, evidentemente. Por outro lado, este mesmo estado com e maiúsculo de vez em quando sofre de esquecimentos mas não é de diazitos, é de meses (sempre são esquecimentos como deve ser), para pagar o trabalho da pessoa. Não vá andarmos para aqui contribuintes com a mania das grandezas e mesmo felizes da vida: ao menos assim arranja-se motivo para a gente se poder queixar com propriedade, o que dá um acabamento muito mais sexy e atual. Andar contentes o quê, isso nem sequer está na moda, pá.

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