- Quando a guerra acabar, ensinam-me a utilizar isso no computador?
Nikolin
é ucraniano, está há anos em Portugal e é dono de um modesto estabelecimento
comercial. Há duas semanas transformou o estabelecimento em posto de receção e
envio de bens para o seu país e em central de gestão de famílias de acolhimento
e refugiados. Suspendeu o trabalho porque o espaço não dá para tudo.
-
Mãe, estas pessoas têm um coração tão grande!
Muzi,
a minha filha mais velha, ajuda na gestão dos bens que não param de
chegar, na separação por tipos nas caixas, ajuda no carregamento dos camiões disponibilizados por empresas diversas (até já gosto mais do Pingo Doce e da Margão), na organização da correspondência entre as famílias
que acolhem e aqueles que vêm para cá fugindo desta inacreditável guerra.
-
Isso o quê? – pergunta Muzi ao Nikolin.
-
Isso aí que é verde, com quadradinhos…
-
O Excel? Sim, claro que ensinamos!
-
Eu mostro como faço as minhas contas…
Nikolin
vai buscar uma pasta bem grossa.
-
Faço as contas da loja nestas folhas, veem?
Veem,
sim. Muzi e as outras voluntárias veem um monte de folhas com as
contas muito bem dispostas, a organização a impressionar ali no papel quadriculado os seus olhos jovens mais
habituados aos ecrãs. Ao telefone, altas horas da noite, a caminho de casa, a
minha filha conta-me, em palavras rápidas e carregadas de emoção, como foi mais um dia de voluntariado.
-
Claro que vamos ajudá-lo, mãe! Quando isto acalmar um bocadinho e conseguirmos
ter tempo, vamos ensiná-lo a fazer as contas no Excel. Ele tem um computador velhote
na loja, mas nem o sabe utilizar…
E,
claro (como não?), repete:
-
Mãe, estas pessoas têm um coração tão grande!
Ai este post...
ResponderEliminarFelizmente há os bons corações.
Eliminar🙂
Muito bom... Aplausos!
ResponderEliminar~~
É tão cinzenta a paisagem...
Beijos. Bom fim de semana...
Olá Cidália,
EliminarObrigada. Boa semana para si.
🙂
Obrigada, KK 🙂
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