a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

19/11/2022

Já chegou o frio e a neve também quer

A vizinha da frente esquerda, a dos carros muito feinhos, era muito feinho o primeiro carro que ela tinha quando se mudou para aqui com a família o ano passado e é muito feinho o segundo carro, pelo qual trocou o primeiro, a diferença entre eles é o musgo muito sujo entranhado que o primeiro tinha e o segundo ainda não teve tempo de ganhar, mas como eu ia dizendo, a vizinha da frente esquerda tem uma pequena tabuleta feita à mão espetada na terra do seu jardim, junto ao passeio e virada para quem passa nele e para o tal seu muito feinho carro. A tabuleta mostra uma informação que, vista daqui, parece ter bonecos coloridos. A avaliar pela sua altura, estou em crer que se trata de uma espécie de “não faças cocó neste local”, mensagem obviamente destinada ao público-alvo canino da rua quando já vai aflitinho, mas tenho de me aproximar como quem não quer a coisa, para confirmar tudo. Quem sabe, a vizinha está assim a proteger a área circundante do seu novo e feinho carro. Pode ser que, deste modo, se acumulem nele menos camadas de musgo muito sujo.

(entretanto, comecei a ler o Carlos de Oliveira, “Casa na duna”, ah pois)

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