Quando, pouco passava das seis horas, o dispositivo retangular a que chamo telemóvel (senhores, arranjar nova designação) me caiu na cara dando-me o flanco lateral, nem a capinha transparente, flexível e algo amortecedora, comprada no chinês de Penela, me aliviou a dor no osso facial. Normalmente este género de quedas próprias das leituras matinais na caminha são muito menos acutilantes.
Mas acabei de ler
o artigo do Expresso, li outros dois do Página Um (hoje o Tiago Franco
desiludiu-me um bocado ali no remate final), e levantei-me. Pela janela via-se que
a noite já tinha saído, mas o dia ainda estava a tentar emergir das nuvens. Vesti
o grosso robe de chambre cor de fumo e fiz-me à escada. Na cozinha preparei um
café de filtro e meio pãozinho de ontem. Torrei-o ligeiramente e meti-lhe dentro
uma elegante fatia de queijo light. Manteiga nem pensar, evidentemente. Lá fora
sei que está frio. Abro o trinco devagar, prolongando o estalido para não
espantar algum veado que pudesse andar por ali a alimentar-se de erva fresca e
saio para o terraço. O ar está carregado de humidade e as cadeiras ainda estão
molhadas. Veados não se vê nenhum, devia ter vindo mais cedo. Passo os olhos
pelo vale envolto em neblina onde os pássaros chilreiam à falta de primavera. A
minha rica ideia de tomar ali o café da manhã desvaneceu-se para dentro. Torno a
fechar a porta devagar. Ao subir a escada, noto que, agarrado ao vidro da
janela alta, do lado de fora, está um grande caracol de antenas no ar seguindo direitinho
na vertical, muito lentamente.
Cidália, não sei porquê, o seu comentário não entrou aqui, ficou apenas na caixa de e-mail.
ResponderEliminarDesejo as suas francas melhoras! Um beijinho.
Depois de ter lido este teu post, só naquela de tentar fazer-te sorrir, pensei "Gostava tanto de lembrar-me de um nome para o "dispositivo retangular" da Susana"... Lembrei-me ontem, mas não deu para vir dizer-te. Hoje dá. Então, vê se gostas do nome: "Metidinho de bolso"... ;-)
ResponderEliminarUma excelente semana, para ti :-)