Saí do café e entrei na loja em frente. Dentro, já está o natal a chegar em construções coloridas, luzes a piscar e jingle bells a soar. Toquei no brinquedo que tinha bonecos de coro com bocas abertas e pessoas a deslizar para dentro da igreja e a sair do outro lado, num círculo inventado que me aqueceu as recordações dos natais da infância, onde tudo brilhava no meu pequeno mundo. A janela de quatro vidros na parede de massa fingida, descobre uma luz amarela que cintila dentro. Acolhedora na imaginação que teço, nas jarras já secaram as flores de um verão, mas as suas cores fazem o natal mais cedo. Em redor da igreja e do coro que não sai do mesmo acorde, há neve caída no chão e a noite caída aqui. Posso ajudar? não obrigada, vinha à procura de uma pessoa. Preciso de te encontrar.
Desci ao piso de baixo e sentei-me no banco de madeira ao fundo das escadas, entre uma família que dava papa ao bebé e outra família que dava papa a outro bebé.
Fico a olhar as pessoas que passam e o tempo também passou. Os bebés comeram as papas, cresceram, as famílias mudaram, alguns velhos morreram, outros, velhos ficaram. Eu continuo sentada, são dias ou serão meses, talvez o infinito esteja aqui; tenho medo que seja natal outra vez e eu ainda não te vi.
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