a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

17/11/2015

Ser um pouco aqui

Não sou flor nem sou porta. Não sou pássaro (mas aprenderei a voar), não um autocarro. Estou fora de tudo o que não sou. O interstício inteiro de o não eu é que sou. Ocupo no universo um nada de poucos litros (alguns a mais). O não ser é maior do que o ser. Em mim e em ti a maioria do ser, o não ser.

Porém o pouco que fiz, o que dei, quando te abracei, de meus braços saiu, com estas mãos, estes lábios te beijei, te vibrei, com os parcos litros de universo que sou te fiz. Não foi o quê? não foi a flor nem a porta, não o pássaro (que aprendeu a voar) ou o autocarro.

Antes ser um pouco aqui que muitos ali.

(não votarei em candidatos à presidência da república que dizem que estão contra, que é preciso destruir e que não são isto nem são aquilo, não são, e o que são não dizem)

8 comentários:

  1. Nem eu escrevia melhor, Susana (modéstia à parte).
    Em poucas linhas diz-se tanto!

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    1. Ora bem, caro Observador, se este fosse um post todo político, haveria de o escrever muito melhor, pois haveria! (mas como não é...) :-)
      Muito obrigada. Um abraço.

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  2. Olha, por exemplo, o "pouco" que és aqui, no blog, bastava para eu votar em ti caso te tivesses candidatado à presidência da república. E ficaria toda ufana com o meu voto, certa de que tinha feito uma excelente escolha. Em quem votaste, Cláudia? Em alguém que não é nem flor nem porta, nem pássaro nem autocarro, mas é alguém de quem eu consigo gostar, confiar, pelo pouco (a pessoa diz que é pouco, respeitemos pois) que tem mostrado do que é. Não te candidataste, dificultaste-me a tarefa ;-).
    Beijinhos, Susana.

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    1. Cláudia... tu deixas-me sem palavras (e olha que eu tenho muitas). Muito obrigada. É que ganhar as eleições para presidente da república sem sequer me ter candidatado e nem me maçar com pastas imensas e doses megalómanas de responsabilidade aos ombros, que na certa me tirariam o sono todas as noites, digo-te, é bom. Muito. :-)
      Beijinhos de volta, querida Cláudia.

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  3. Podes ir para a Presidência mas, pelo menos, não te ponhas a comentar o sorriso das vacas nem o tamanho e a doçura das bananas! :p

    Beijocas repenicadas, Susana. :)

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    1. E não é que eu ouvi por acaso isso das bananas e até olhei para a televisão a confirmar se a voz era mesmo a do Presidente? Não, eu acho que teria muito mais cuidado nesses comentários, embora relativamente às vacas, não sei... eu gosto muito de vacas e se as visse sorrir valha-me deus. :-)

      Beijocas repenicadas de volta, Maria. (dei uma baita de uma gargalhada com o teu comentário, obrigada)

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  4. Respostas
    1. Muito obrigada, Manel! :-) Assim serei de certeza eleita.
      E seja bem-vindo.

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