Hoje é dia de Expresso, o jornal que eu peguei e li na cama antes do café e até o telefone, cansadíssimo de ser puxado pela gravidade, me cair em cima do nariz. Pu-lo de lado fartinha das tecnologias, nunca da leitura, mas o artigo sobre Dino d’ Santiago já cá cantava inteiro e Cabo Verde, esse cheirinho pouco, também. Doer, lá, só doeu ver os cães, não sei se já disse. E também, um bocadinho, não haver nenhum livro do Eugénio Tavares, nhô Eugénio, no café que lhe usa o nome e faz de livraria. Mas, segundo o senhor caucasiano da mesa ao lado na esplanada, podia encontrar na Biblioteca não sei se Municipal se de ordem superior, isto porque os dois exemplares raros que há dentro do café – tê-los-ia eu visto? – pertencem-lhe. Não os vi e não sei que senhor importante é este, dono de tão raros exemplares de poesia, mas agradeci, mais feliz pela conversa ali mesmo, com um estranho sem medo de me falar do que pela hipótese a visitar na paz de uma biblioteca, a qual terá de ficar para uma próxima vez.
Esta manhã entrei na Well’s para comprar uns óculos de ler
melhor mais fortes, pois é assim a vida: para novos é que não vamos. Na mala, trazia
já uma embalagem de cinco autotestes, parece que ainda vinha quente, acabada que
estava de chegar à farmácia do outro lado da rua, (tipo) estas também raridades estão
a esgotar todos os dias e lá poesia não trazem nenhuma. Escolho os óculos novos e ponho-me
a aguardar vez na zona de pagamento, ouvindo conversas alheias, o que segundo me
ensinaram é coisa muito feia, mas não sei porquê, dado que os ouvidos não se
consegue fechar com facilidade e não me ocorreu ser apropriado enfiar os dedos dentro
deles para me alhear do tema no ar:
- Tem autotestes? – o freguês antes de mim para a mocinha da
caixa.
- Não. Já não…
- E vai ter?
- Tente mais logo, ou amanhã… ontem vendemos cem testes em
quinze minutos.
Impressionante. E não só eu estava a fazer a coisa feia de ouvir
esta conversa, como também a embalagem de cinco autotestes dentro da minha mala
o estava, a mal-educada.
Além de não se ouvir as conversas, também não se fala com
desconhecidos, exceto quando se está sob o efeito daquelas ilhas mágicas vulcanizadas
em meio do oceano atlântico, onde se ouve crioulo e abundam sorrisos. Por isso
atirei a voz a este freguês, indo ele a caminho da saída.
- Na farmácia ali do outro lado têm, acabo de lá comprar uma
embalagem de cinco, só vendem de cinco….
O freguês parou, voltou-se e olhou para mim com seriedade.
- … e desculpe estar a ouvir a conversa.
- Ok, obrigada.
E, não parecendo nada entusiasmado, foi-se. Eu também. Mas só
depois de pensar que deve ser difícil ser cabo-verdiano em Lisboa e de pagar os
óculos novos que são mesmo lindos.
Qualquer dia até vendem por conta, Ou seja, vem um a cada pessoa :) Tenho 3 testes em casa desde o Verão, não precisei. Mas agora podem dar jeito. :)
ResponderEliminar-
Beijos- Bom fim de semana!
Já pensei o mesmo, Cidália. Sim, é bom ter testes em casa, fazer um stockzinho :-)
EliminarBeijos de volta, bom domingo!
Soltaste a voz ao freguês 😉
ResponderEliminarE sabes que pensei nisso mesmo quando escrevi? 😊
EliminarUma boa semana, querida Gina.