Todas as manhãs, a meio caminho entre o sair de casa para trabalhar e o sentar-me a almoçar, procedo à ingestão de uma maçã, operação que se desenrola em simultâneo com o fazer de relatórios e outras coisas assaz interessantes; a possibilidade de teclar a duas mãos enquanto numa se equilibra o fruto de Adão é pura realidade.
Há anos que é assim e há anos que venho tomando medidas.
Tentei um curso de física quântica em plataforma online, leio sempre o jornal que me dão nos semáforos, estudo a parte de trás dos frascos de champô, de vez em quando decoro palavras do dicionário, faço um sudokuzito ou outro nas viagens de avião, abro a caixa de fósforos do lado certo, mantenho a casa arrumada, nunca passo à frente nas filas, controlo-me quando entro numa livraria, pago as minhas contas praticamente todas dentro do prazo e já não sei onde ia, que às vezes me perco, estou é farta de andar a comer cola sem ver razão para isso.
Portanto era assim, faziam o favor de parar com essa porcaria de pôr autocolantes nas maçãs, faziam? Não tem mesmo graça nenhuma, nem vale a pena tentar com coraçõezinhos a chamar ao sentimento, a gente não gosta de estragar as unhas a raspar com toda a força a cola que fica na casca. É que não sai. Mesmo para quem não tem nem nunca teve unhas de gel.
Há outras ideias, giras, para as maçãs, vou já dizer, por exemplo, deixá-las vir com uma folha agarrada ao pauzinho. É natural, é verde, ecológico e vai indexar a mente dos compradores aos pomares em tardes de sol com passarinhos a esvoaçar no céu azul e eles a correr com os filhos pela mão e o cão atrás, e nem dão por isso. Boa?
(ouvi dizer que qualquer peça de decoração que se quer repetir para conferir harmonia ao lar ou por se gostar muito dela, o número mágico é o três)
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