Gostaria de ser mais inteligente e mais alta, mas
principalmente mais inteligente.
Ora vejamos: encontrar-se-á com certeza um propósito nobre na génese do estabelecimento do dia do beijo. Ocorre-me a hipótese primária
de uma potencial contribuição para a melhoria das condições de transporte do
gado suíno nacional a caminho do matadouro ou, em alternativa secundária, a implementação
de soldadura por laser de baixa potência renovável para ligação de circuitos
eletrónicos de geometria fina ou ainda, terciariamente, o instaurar de uma
operação consistindo em equipar as escolas públicas do país com novos e mais brilhantes
bicos de bunsen.
Não podendo cair numa destas categorias e nem – ia-me
esquecendo – na do turismo algarvio, não alcanço a intenção do dia do beijo e
não posso deixar de considerar o conceito pindérico. Mas não excluo a hipótese de o compreender em todo o seu esplendor fora eu, lá está, mais inteligente (e mais alta).
Pensei nisto ontem. E lembrei-me, enquanto pensava, que há
beijos surpreendentes (são os melhores, se forem bons). Esses que primariamente nos tomam em
suspenso, aquecem ali num ai e nos entram a seguir no organismo, circulam na rede sanguínea
muito bem, causam estremecimentos e em princípio outros efeitos secundários mais
evidentes (e terciários, com sorte). A questão é quando. A resposta é já: num
dia qualquer (ou de manhã ou à tarde ou à noite). Um beijo surpreendente não espera pelo seu dia, faz o seu dia. Faz
o meu também. Fazes? Pois fazes.
É o beijo do dia.
Ora dá cá um e a
seguir dá outro (ando com isto na cabeça desde ontem) depois dá-me mais um que
só dois é pouco… ai eu gosto tanto hum é tão docinho e no entretanto cá mais um
beijinho