a voz à solta


Se leio, saio de mim e vou aonde me levam. Se escrevo, saio de mim e vou aonde quero.

19/02/2017

Amorosos coraçõezinhos

Uma estadia curta ou longa encostada ao balcão da carne pode ter muito recheio, suco e tutano. Longa é mais de quinze minutos, esta foi curta, que são dois bifes de peru se faz favor. Há muito tempo que eu acho a carne cómica. Assim em partes nomeadas, etiquetas espetadas no lombo ou no pernil, no piano ou na febra, espetadas. Normalmente, seja em estadia curta seja em longa, não confesso que desconheço a que se destinam as partes - se é para ir ao forno se para estufar ou cozer, etc - da maior parte das carnes. Mas estamos na estadia curta dos bifes de peru e antes que o senhor talhante se despache com a facada longitudinal, lenta e cuidada no naco da ave referida, vamos lá contar que me aterraram os olhos no expositor refrigerado com carnes embaladas que está ao lado deste balcão cómico, e se o balcão é cómico, o expositor mete-o a um canto no que respeita a comicidade. O primeiro impacto foi quase como se as embalagenzinhas refrigeradas quisessem saber quem sou, tu quem és?, tal a estranheza ali instaurada. Mas dei-lhes eu antes a volta, inclino-me para as ditas, e vós quem sois, ó embalagens? Amorosos coraçõezinhos? Sim sim, amorosos. E mais: de fazer apaixonar! É evidente que lhes tirei uma fotografia, má, mas tirei, ó.



Continuo desconhecendo a que se destinam amorosos coraçõezinhos de frango português, mas reconheço que quase este magnífico golpe de marketing me captura e eu os trago, toda amorosa, para casa.

11 comentários:

  1. Ou seja: não deixaste de te apaixonar, ainda que momentaneamente. ;)

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    1. Pois foi, não deixei. :-)

      (Ó Gina, mas eu queria era que me explicasses o que se faz com coraçoezinhos daqueles, tu sabes de certeza) :-)

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    2. Muita cebola e muito alho, azeite e louro, claro, e tomate fresco. É até ficar tudo desfeitinho. Bom, pelo menos era assim que eu fazia miúdos de frango. Digo fazia porque há anos que não faço. ;)

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    3. E vinho branco. E os miúdos não é para se desfazerem. ;)

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    4. Tipo o maior número possível de coisas saborosas, para que não se consiga tomar o gosto dos miúdos?... :-)

      (eu sabia que tu sabias, Gina, thank you)

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  2. Bom, não os acho nem um pouco amorosos. A bem dizer até quando faço canja (é um por canja e chega) me enjoa ter de retirar aquela gordura amarela. E depois lembram-me as pobres aves sem se mexerem quase, num espaço à cunha para elas, sem um espanejo à maneira, a engordarem para a morte próxima que no-las traz já aos bocados ou inteiras que a elas já tanto lhes dá. E se não lhes gostasse tanto da carne, juro que parava logo ali de sujar as mãos e engordurar as facas. E pronto, já estou quase agoniada só de lembrar.
    As moelas são óptimas...será que os corações se cozinham da mesma forma?!

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    1. Eu nunca na vida cozinhei com "miúdos" de frango, também não me abrem nada o apetite, até o fecham. Mas nunca tinha visto um conjunto tão grande só de corações (e havia lá também só fígados...).
      (mas tinha esperança que viesse aqui alguém sábio na cozinha dizer para que servem tantos coraçõezinhos...)

      E também detesto os métodos de engorda dos frangos. Na verdade, já estive mais longe de deixar de os comer.

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    2. Ups! e eu a falar de miúdos lá em cima... ;)

      E vim duas vezes, aramada em 'sábia'. ;)

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    3. Está bem, pronto, mas pelo menos já sabemos dos "miúdos". Tanto coraçãozinho junto, epá, eu quando voltar àquele supermercado sou capaz de perguntar ao talhante que me é sempre tão simpático, "como está a senhora?" e tudo, mesmo eu comprando lá quase nada... :-)

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