a voz à solta
15/10/2020
O prato, ainda
Como o almoço no prato único, desprovido do estampado há muito pelos ciclos da máquina de lavar. Como no prato que não encaixa nos demais, na prateleira, guardando espaços esconsos acima e abaixo dele. Como o almoço na luz da cozinha deitada ao rio do costume, se bem que mais a norte, aproveitando agora com rugas nas minhas mãos, sim, o molho da caldeirada que inventei da mãe e uma fatia do pão de mafra. Como sobre os azuis desenhos adivinhados deste prato de outrora, roubando-te por um instante à eternidade com a memória da tua sopa que dava o aroma às manhãs na minha pequena existência cozinhada ao teu lume, avó.
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Muito bom!! :))
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Baloiço do tempo...
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Beijos e uma excelente noite!
Uma boa noite, também, Cidália, e obrigada.
EliminarQuando vou à casa que era dos meus avós paternos, como na loiça que era deles, como também pão de Mafra, também me lembro de uma sopa que a minha avó me faziam que eu adorava e que nunca mais comi igual.
ResponderEliminarE em certos dias de inverno, há no campo um cheiro que não sei descrever (não sei escrever bem como a Susana) uma mistura entre cheiro de lenha e terra molhada que me lembra a terra da minha avó materna na Beira Baixa.
É assim a memória.
Eu acho que descreveu muito bem o cheiro, porque eu até quase o senti, Ana!
EliminarOs avós podem ser tesouros que nos acompanham toda a vida, mesmo quando eles já cá não estão.
:-)
Gentileza sua. :-)
EliminarPouco convivi com os meus avôs. Das poucas memórias que tenho é do meu avó olhanense comer todos os dias uma laranja, do cheiro da fruta, até chegar a Portugal praticamente desconhecida para mim. Era um velhote seco, rijo e que até ao final da vida andou de bicicleta. Cheia de ternura esta sua memória, bonito...
ResponderEliminar~CC~
Pouco conviveu mas contou-nos uma história tão bonita do seu avô! Obrigada, CC.
EliminarEu gosto especialmente d ever velhotes de bicicleta e constatar como são saudáveis e, sim, secos, rijos. (Na Holanda vejo muitos, eles e elas) :-)
Sabes, aquilo do "Encolho-me", acontece mesmo. Encolhi-me quando li este teu post logo no dia em que aqui apareceu.
ResponderEliminarQuando não estou a conseguir encontrar as palavras, ou cozinhá-las como queria, para poder passar para quem escreveu a noção do quanto gostei de ler, ou, em muitas outras situações, de como me desinquietou para pensar, encolho-me.
Mas, neste post, quero muito deixar-te um comentário, faço questão, então estou aqui a fazer por ultrapassar encolhimentos...
Pois ainda, ainda...
Tens aí, Susana, e, ainda por cima, bordado a poesia, cá um pedaço de homenagem!
(Tens noção das maravilhas que andas a escrever, miúda?)
Ah! Sabes que me acontece quase sempre isso (a que chamas encolher) com os teus comentários, Cláudia! Difícil responder à altura. E invariavelmente penso que uma conversa é que era. Daquelas ao vivo, cara a cara. Enfim.
EliminarMuito obrigada pelas tuas (mais uma vez!) tão generosas palavras!
Mas poesia... poesia? Hum, algo ainda mais difícil de definir do que amor. (aliás não vejo onde está a dificuldade de definir amor... e esta hein?) :-)
:-) ("buéda" largo)
Eliminar(ai, mas agora, mesmo assim sem cara a cara, assim mesmo agora para já, queria tanto que aparecesse aqui a tua definição de amor)
Definição de amor:
EliminarO amor é uma entidade muito forte composta por duas partes: uma estática e uma dinâmica.
A estática assume a forma de um sentimento que nasce num coração e tem por objeto alguém (vamos deixar o amor pelas coisas de lado).
A dinâmica assume a forma de um verbo: amar, é o exercer do amor. amar é deixar o amor que se sente fluir, ser exercido, para melhorar de alguma maneira o mundo da pessoa amada.
e há, claro, muitas formas diferentes de amor, para isso fica para a segunda sessão. :-)
Bem, esta é uma definição um bocado técnica. mas é o que me faz crer que, em vez de dizermos a alguém "amo-te", seria muito mais valioso esse alguém diser-nos: "amas-me", assim, afirmando. porque seria a prova de que o nosso amor por essa pessoa tinha lá chegado ao coração dela.
Pronto, nem vou rever o que escrevi, Cláudia, fica assim, em bruto.
:-)